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Ano novo, vida nova: o que o Corinthians precisa deixar para trás em 2019

Daniel Augusto Jr/Ag. Corinthians
Imagem: Daniel Augusto Jr/Ag. Corinthians

Arthur Sandes

Do UOL, em São Paulo

01/01/2019 04h00

A chegada de 2019 inspira o Corinthians a mudar muito do que fez em 2018, e este processo já está em curso no mercado da bola. Em um cenário de promessas de Ano Novo, o clube precisa se comprometer a consertar erros defensivos e encontrar formas de ser mais criativo na armação de jogadas. Se o técnico Fábio Carille conseguir evoluir a equipe nestes dois pontos específicos, o ano que chega pode render bons frutos ao corintiano.

Defensivamente, o discurso é pela solidez. Carille tem como principal missão reorganizar o setor de marcação do Corinthians, que perdeu força ao longo de 2018. No ano recém-encerrado, a média de gols sofridos aumentou 29% em relação a 2017 - sinal de que Carille deixou saudade ao trocar o clube pelo futebol árabe, em maio. A média de 0,68 gol por jogo de 2017 subiu a 0,88 devido aos percalços da equipe sob comando de Osmar Loss (0,86) e principalmente Jair Ventura (1,00).

Neste cenário de inconsistência defensiva, dois pontos chamam a atenção: a marcação frouxa e os problemas aéreos. Os próprios jogadores admitem que a principal força corintiana em 2017 se perdeu em 2018, como Fagner explicou em conversa recente com o UOL Esporte. "O Corinthians precisa voltar a ser aquele time chato, sólido, que nos últimos anos teve como característica sofrer poucos gols", disse.

Sem a "chatice" tradicional, o Corinthians foi o time que mais permitiu chutes adversários no Brasileirão: média 14,1 finalizações por jogo. Também teve desempenho de rebaixado nas roubadas de bola, tomando a posse apenas 15,4 vezes por partida (esta e as demais estatísticas são do whoscored.com)

Pelo alto o caso foi ainda mais crítico. Problema crônico, a bola aérea virou a maior preocupação do Corinthians nos últimos meses e foi caracterizada por Jair Ventura como "o grande vilão" de seu trabalho no clube. No período com o treinador, foram sete gols sofridos desta forma em 19 jogos, o que custou seis pontos no Brasileirão e influenciou a final da Copa do Brasil (Thiago Neves fez de cabeça, no Mineirão). Nas 38 rodadas do Campeonato Brasileiro, agora contando Carille, Loss e Jair, foram 12 gols levados em bolas paradas (quinta pior marca).

Do meio para frente, a dificuldade na criação de jogadas foi clara. O Corinthians esteve entre os três times que mais trocaram passes no Brasileirão (média de 440 por jogo), mas não soube o que fazer com a bola. A dificuldade em furar as defesas rivais foi grande, quase sempre faltando passes em profundidade e infiltrações. Resultado disso foi a rara presença no terço final do campo: o Alvinegro só trabalhou perto do gol adversário em 24% do tempo (pior desempenho, junto a Ceará e Vasco).

Sem criatividade, faltaram gols e finalizações. O Corinthians foi o time que menos chutou no Brasileirão: apenas 10,6 tentativas por jogo. Destas, só 3,2 tiveram a direção do gol a cada rodada (18º desempenho entre os 20 clubes). Em um cenário de pouco acerto, o time que havia marcado 50 gols na campanha do heptacampeonato brasileiro só balançou a rede 34 vezes no Nacional de 2018.

Para fazer mais gols é preciso chutar mais, e para chutar mais é preciso criar chances com maior frequência. Foi para solucionar estas dificuldades ofensivas que o clube contratou nas últimas semanas. Ramiro e Sornoza tiveram ótimos números em 2018 e chegam para ajudar Jadson e dar maior criatividade ao meio-campo Outras duas engrenagens deste sistema podem ser André Luis e Gustavo, que tiveram as duas melhores pontarias da última Série B.