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Túlio conta que se despia no vestiário quando era entrevistado por mulheres

Túlio comemora o título do Brasileirão de 1995, quando jogava no Botafogo - Ormuzd Alves-17.dez.1995/Folhapress
Túlio comemora o título do Brasileirão de 1995, quando jogava no Botafogo Imagem: Ormuzd Alves-17.dez.1995/Folhapress

Do UOL, em São Paulo

04/02/2019 20h30

Perto de completar 50 anos e ainda em atividade, o atacante Túlio Maravilha contou detalhes de sua carreira em entrevista publicada no YouTube nesta segunda-feira (4) pelo canal Pilhado, do jornalista Thiago Asmar. Entre elas, de como se exibia nu de propósito para repórteres mulheres nos vestiários ao longo dos principais momentos da carreira.

Questionado a respeito de antigas entrevistas, Túlio afirmou acreditar que as entrevistas coletivas da atualidade são muito restritivas. Então, citou os episódios em questão.

"A gente vendia jornal, mídia, (era capa de jornal) direto. A imprensa me adorava, porque sabia: vamos entrevistar o Túlio que vai sair coisa boa. Hoje em dia é coletiva de imprensa, 'só tem cinco minutos', 'cada um tem direito a uma pergunta'. Na nossa época, (os repórteres iam ao) vestiário. Era mulher também, a gente fazia questão. 'Opa, tem mulher aí?'; a gente deixava a toalha cair para ver", contou.

"Eu adorava quando mulher entrava no vestiário. Eu esperava todo mundo tomar banho. Na hora em que entravam, 'está liberado a imprensa', 'agora vou tomar banho'. Aí eu tomava banho e não tinha aqueles boxes em Caio Martins e 'opa'. A galera dando entrevista ali. Já queria exibir", completou.

Destaque do Botafogo entre 1994 e 1996, quando foi campeão brasileiro (1995), o ex-camisa 7 do clube carioca diz que se acostumou a ter encontros amorosos na concentração na época. E admitiu que tinha até acordos com os companheiros para esconder da comissão técnica as histórias.

"Quem falar que não tinha (mulher na concentração) é um mentiroso. Ainda mais naquela época que não tinha celular, Instagram, câmera. Segurança tinha, mas fazia de conta que era segurança - a gente dava uma camisa depois", contou o atacante, atualmente no Taboão da Serra (SP), que revelou que o encontro só era possível porque a mulher em questão se hospedava no mesmo hotel do Botafogo.

"Já deixava ali pronto, estratégico, para não sair, não expor, para não ter desgaste de sair de hotel. Eis que um X-9 falou: 'Ó, o Túlio está com mulher na concentração, no hotel'. Falou para o Jair Pereira, treinador, e para o Antônio Clemente, que Deus o tenha, já falecido, supervisor da época. (Para) meu companheiro de quarto na época, eu falava: 'Vou estar em tal quarto, qualquer coisa você me liga'", completou.

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O hábito de escapar da concentração para manter relações acompanhou Túlio ainda em outros clubes. Entre 2007 e 2008, por exemplo, foi destaque o Vila Nova na terceira e na segunda divisões do Campeonato Brasileiro. E mesmo perto dos 40 anos na época, pulava janelas da concentração usando "terezas" (cordas feitas com lençóis) para encontrar uma 'namoradinha com carro" ou o irmão para ajudá-lo na fuga.

"Tomava aquela cervejinha, aquele tira-gosto, fazia amor gostoso, só ia aparecer 7h no café da manhã da concentração", revelou. Para Túlio, fazer sexo na véspera de jogos ajudava em seu rendimento em campo.

"Eu entrava leve, inspirado. Era bicho garantido. O dia que eu não saía, aí sim era jogo duro, 0 a 0", disse o veterano, que diz que uma noite de amor "era gol certo". "Túlio Maravilha era sinônimo de gol. Gol era igual a sexo. Sexo era igual a sexo. Túlio era igual a gol. Era mais ou menos assim."

Fã de Romário, "rei da marra"

Em sua entrevista, Túlio Maravilha relembrou os jogos nos anos 90, quando disputava o protagonismo do futebol carioca com Renato Gaúcho (Fluminense) e Romário (Flamengo).

"Nos anos 90, só dava eu. Eu e o Renato Gaúcho disputávamos quem era o Rei do Rio. O Romário também, aquela coisa toda", lembrou. Para ele, porém, o Rei do Rio era o técnico Joel Santana.

"O Joel Santana foi campeão no Vasco, no Botafogo, no Fluminense e no Flamengo. Com todos. Ele é o verdadeiro Rei do Rio. Agora, rei do marketing fui eu, rei da irreverência foi o Renato. O Romário (foi) rei da marra. É isso que falta no futebol brasileiro hoje: essa irreverência, provocação sadia", acrescentou.

Túlio Maravilha Botafogo - Folha Imagem - Folha Imagem
Túlio disputava protagonismo do futebol carioca nos anos 90 com Romário e Renato Gaúcho
Imagem: Folha Imagem

Ainda em suas lembranças, Túlio afirmou que "sempre teve uma coisinha ou outra?, em referência a namoros na época. "Sempre fui casado, pianinho. Sempre teve uma coisinha ou outra, mas não era assim quantidade, era qualidade. Meu negócio é qualidade. Qualidade, eu sou rei. E come-quieto, mineirinho", declarou.

Quando foi perguntado sobre os melhores atacantes dos últimos anos, Túlio se colocou entre os dez primeiros da lista. Mas colocou Romário à sua frente.

"Para esse, eu tenho que tirar o chapéu. Campeão do mundo, melhor jogador, fez 1000 gols, vários títulos. São cinco atacantes que estão acima de mim: Ronaldo, Romário, Careca, (Roberto) Dinamite e Túlio Maravilha. E vou colocar o Cristiano Ronaldo ali em quinto e eu em sexto", relacionou. Ao organizar a lista, colocou Ronaldo em primeiro, à frente de Romário, Cristiano Ronaldo, Careca e Roberto Dinamite, pondo-se em sexto. "Estou bem na fita. Só peguei fera pela frente."

Zlatan Ibrahimovic, por exemplo, ficou para trás. "Quero ver ele jogar aqui, no Maracanã, no Botafogo. E eu jogar lá, só time bom: Real Madrid, Barcelona, Juventus, Milan, Internazionale. Quero ver jogar aqui, na pedreira", afirmou. O sueco nunca jogou no Real Madrid.

Falou também sobre Adriano. "O Adriano, com toda a força dele, garra, técnica, não soube aproveitar. Eu encontrei ele uma vez em uma academia aqui na Barra (da Tijuca, no Rio de Janeiro). Falei: 'Adriano, você vai ser o maior atacante do Brasil. Vai disputar as Copas de 2014 e 2018. Você é jovem, tem força, o Brasil está carente de ídolo'. Eu dei esse conselho para ele. Aí parece que entrou aqui (apontou uma orelha) e saiu aqui (apontou outra orelha). Na outra semana, ele sumiu, desistiu de jogar", contou.

Gol impedido no título de 1995 e mágoa com o Botafogo

O grande momento de Túlio Maravilha veio em 1995, quando levou o Botafogo ao título brasileiro. No entanto, ficou marcado pelas finais do torneio contra o Santos. Após uma vitória por 2 a 1 no Rio de Janeiro, o time carioca garantiu a conquista com um empate por 1 a 1 em São Paulo, que contou com um gol impedido.

Túlio reconhece a condição irregular no gol, mas se exime de responsabilidade. "O choro é livre, né? O choro é livre. O perdedor justifica e o ganhador comemora. A gente está comemorando até hoje", diz ele, indo além.

Túlio na última passagem pelo Botafogo - Fernando Soutello/AGIF - Fernando Soutello/AGIF
Túlio queria marcar o milésimo gol pelo Botafogo, mas marca foi alcançada defendendo o Araxá
Imagem: Fernando Soutello/AGIF
"Estava impedido? Estava. Mas 20 cm. Se hoje com tecnologia do VAR, bandeirinha de escanteio, auxiliar lateral, eles erram... Imagine 20, 30 anos atrás. É muito difícil, frações de segundo. Mas estava impedido. Não reclama comigo. Tem que reclamar com o Márcio Rezende (de Freitas), que era o juiz, com o bandeirinha", completou.

Túlio prometeu que se aposentaria quando marcasse o milésimo gol de sua carreira, em suas contas. E o gol veio em 2014, quando defendia o Araxá no Módulo II do Campeonato Mineiro. No entanto, o próprio atacante reconhece que o queria que o gol tivesse sido pelo Botafogo - o que só não aconteceu por um problema com o então presidente do clube, Maurício Assumpção.

"Esse milésimo gol era para ter sido com a camisa do Botafogo em 2014. Eu estive lá em 2011, 2012, para fazer o milésimo gol. Mas o presidente da época, o Maurício Assumpção, foi até excluído do quadro (social) do Botafogo (em 2016), cheio de falcatrua, corrupção, cheio de rolo. Ele não me inscreveu", diz. "Dei apoio a ele na campanha de 2010. Ele foi eleito presidente, prometeu que ia fazer o milésimo gol, e na hora H, deu para trás. Fez o time ser rebaixado (no Brasileiro de 2014), saiu devendo para todo mundo", completou.