Já se tornou uma tradição em provas de média e longa distância. A cada edição da São Silvestre, os quenianos que chegam ao Brasil são sempre colocados entre os favoritos para vencer a prova e como os principais adversários dos atletas locais. As características deles também pouco mudam: fala em tom baixo, são em sua maioria introvertidos e muito sorridentes.
Mas em 2008 os atletas do país que resolveram disputar a São Silvestre traçaram uma tática diferente de outros compatriotas que fizeram sucesso na tradicional prova de 31 de dezembro. "Não conhecemos o percurso e nem vamos visitá-lo", admitiu Evans Cheruiyot, principal nome desta edição e vencedor da Maratona de Chicago deste ano.
Apesar de não terem o conhecimento visual do trajeto de 15 quilômetros, os quenianos apostam nas referências que receberam do técnico brasileiro Moacir Marconi, o Coquinho, que comanda o grupo africano no país. "Recebi informações e eu também não costumo conhecer os percursos que corro. Sei que estou preparado para a prova", garantiu Cheruiyot, que não tem qualquer parentesco com o compatriota Robert Cheruiyot, vencedor da prova em 2002, 2004 e 2007.
A queniana Nancy Kipron foi outra a minimizar o desconhecimento dos 15 quilômetros. "Acredito que não será problema. Já corri outras provas no Brasil e estou preparada", avaliou a campeã da Volta da Pampulha e da Corrida Nike 10k no Rio de Janeiro neste ano, mesmas provas vencidas pelo compatriota Nicholas Koech na versão masculina.
Para ajudar os compatriotas, Kiprono Mutai revelou que passou algumas dicas do percurso. No ano passado, ele não completou a prova, apesar de chegar bem cotado à São Silvestre. "Estava muito quente, este ano será diferente. Eu me preparei melhor", explicou um dos poucos quenianos presentes neste ano que já correu a prova paulistana.
 UOL mostra percurso de 15 quilômetros da tradicional prova paulistana. Assista. |
Mesmo sem o conhecimento do trajeto, os quenianos são os rivais mais temidos pelos atletas brasileiros para a prova desta quarta-feira. "São grandes adversários e será um briga dura", disse o mineiro Franck Caldeira, ganhador da São Silvestre em 2006.
O Quênia iniciou sua participação no início dos anos 1990 e Simon Chemwoyo foi o primeiro atleta do país a fazer sucesso com os triunfos em 1992 e 1993. Paul Tergat tornou-se o maior vencedor com cinco títulos (1995, 1996, 1998, 1999 e 2000) e foi sucedido pelos três êxitos de Robert Cheruiyot.
No feminino, Lydia Cheromei ganhou três vezes (1999, 2000 e 2004), Hellen Kimaiyo foi campeã em 1993 e Alice Timbilili venceu em 2007.