Demorou 21 meses, mas o estádio do Engenhão, no Rio de Janeiro, enfim voltou a ser utilizado pelo atletismo, após os Jogos Pan-Americanos, motivo alegado para a sua construção que custou mais de R$ 380 milhões. Porém o retorno não atraiu o público e pouco mais de 10% dos 45 mil lugares estavam ocupados.
E boa parte do público ainda veio com ônibus da patrocinadora do evento e também da Confederação Brasileira de Atletismo. Na arquibancada chamavam mais atenção as bandeiras dos clubes de futebol (Botafogo, que tem o aluguel do estádio por 20 anos, e Fluminense, que tem uma equipe de atletismo) do que faixas para Maurren Higa Maggi ou qualquer dos quatro campeões olímpicos presentes.
O "calor humano", motivo sempre citado pelos atletas estrangeiros para explicar a vinda ao Brasil, esteve longe de passar pelo Engenhão e alguns dos maiores nomes do evento não esconderam a decepção com a presença do público, estimado em seis mil pessoas pelo Botafogo.
"Não tem muitas pessoas e isso me desapontou um pouco", explicou a neozelandesa Valerie Vili, campeã olímpica e mundial do arremesso de peso, enquanto deixava com tranquilidade o local da prova. "É um bom estádio, mas veio pouca gente. Esperava mais", comentou a norte-americana Rachelle Boone-Smith, vencedora dos 100 m e 200 m rasos.
Mesmo os brasileiros lamentavam a pequena participação do público. "Realmente veio menos gente do que eu esperava", lamentou Fabiana Murer, que brincou em seguida. "Eu acho que o pessoal ficou com preguiça de acordar cedo", disse, antes de soltar uma rápida gargalhada.
Já o presidente do Botafogo, Maurício Assumpção, e o presidente da Confederação Brasileira de Atletismo, Roberto Gesta de Melo, procuraram minimizar o fato. "O brasileiro ainda não está acostumado com outros esportes, a não ser futebol", comentou Assumpção.