O Campeonato Mundial de atletismo, em Berlim, verá neste sábado a última exibição do jamaicano Usain Bolt. Grande estrela da competição, ele disputará a final do revezamento 4 x 100 m rasos, a partir das 15h50 (horário de Brasília), com a equipe da Jamaica.
Na prova, Bolt também tentará manter o aproveitamento 100% que teve até agora nas duas grandes competições internacionais desde que bateu o primeiro recorde mundial. Após superar a marca dos 100 m rasos em 31 de maio de 2008, ele venceu e bateu o recorde mundial de três provas olímpicas (100 m rasos, 200 m rasos e 4 x 100 m rasos) e de duas mundiais (100 m e 200 m).
Até hoje, jamais um atleta teve tamanha performance nas duas competições. Nas Olimpíadas, Bolt foi o primeiro a vencer três provas com três recordes. Em Mundiais, só Carl Lewis obteve este feito ao vencer os 100 m e os 4 x 100 m em Tóquio-1991, mas neste sábado ele pode ser superado pelo jamaicano, que completou apenas 23 anos de idade nessa sexta-feira.
Caso obtenha este feito, será difícil alguém questionar se Bolt realmente ainda não conseguiu o seu objetivo. "Quero ser uma lenda", afirmou diversas vezes o velocista durante as últimas semanas e também no Mundial. "É por isso que trabalho duro", justificou o atleta, que pode igualar Tyson Gay como o único a vencer os 100 m, 200 m e 4 x 100 m em um mesmo Mundial.
Porém, Bolt também sempre adotou a cautela em relação ao recorde e não foi diferente no 4 x 100 m. "Eu não penso em marcas. Sei que falam que a Jamaica é favorita. Eu só espero ganhar e sair da pista sorrindo", disse o jamaicano, após bater o recorde mundial dos 200 m rasos.
Além do grande nome do Mundial, a Jamaica ainda deverá ter Asafa Powell (bronze nos 100 m rasos), Michael Frater (semifinalista na mesma distância) e Steve Mullings (quinto nos 200 m rasos) na equipe. Eles tentam superar a marca de 37s10, feita pelo próprio país nas Olimpíadas de Pequim-2008.
Com a ausência dos EUA, desclassificado por um erro nas eliminatórias, o grande adversário da Jamaica será ela mesma, já que o quarteto dificilmente perderá o ouro se não cometer erros.
É justamente em uma falha que os adversários apostam para surpreender. "Sabemos que é difícil ganhar, mas não é necessário ser rápido para vencer. Há sempre a chance de um erro e isso pode acontecer com qualquer um", lembrou Richard Thompson, de Trinidad & Tobago, que passou com o segundo melhor tempo da final.
Outros rivais também não acreditam que a Jamaica esteja com a mesma força mostrada na China no ano passado. "Eles têm dois corredores muito bons, mas os outros dois não são tão fortes. Acho difícil eles perderem, mas o recorde não virá", apontou o português Ricardo Monteiro.
A final também será uma oportunidade para o Brasil tentar apagar os problemas que enfrentou antes de chegar ao Mundial. A equipe nacional herdou a vaga dos EUA e tenta repetir o feito de Paris-2003 e Sevilha-1999, quando conquistou prata e bronze, respectivamente.
Mais brasileiros: Além do time masculino, mais duas equipes de revezamento do país estarão em ação neste sábado. O quarteto feminino do 4 x 100 m rasos disputará as eliminatórias às 13h30 (de Brasília) e podem disputar ainda a final no mesmo dia às 15h. Já as mulheres do 4 x 400 m rasos competirão apenas nas eliminatórias às 15h15 na primeira bateria.