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Mundial premia jogo coletivo e desmonta conceito de "titulares e reservas" - 10/09/2010 - UOL Esporte - Basquete
UOL Esporte Basquete
 
10/09/2010 - 12h00

Mundial premia jogo coletivo e desmonta conceito de "titulares e reservas"

Murilo Garavello
Em Istambul (Turquia)

Estrelas que começam o jogo no banco. Equipes que baseiam seu padrão tático no rodízio de atletas. Outras que, à cada partida, têm um nome diferente como destaque. O Mundial mostra que, no basquete, cada vez é menos útil saber qual o time titular de uma seleção para projetar seu poderio ou definir quem são seus principais jogadores.

MUNDIAL DO JOGO COLETIVO

  • AFP

    A Sérvia aposta muito no rodízio: só quatro atletas do time têm média de mais de 20 minutos por jogo

  • AFP/Mustafa Ozer

    Utilização de grande número de reservas faz parte da filosofia de Mike Krzyzewski, treinador dos EUA

  • REUTERS/Mark Blinch

    Dez jogadores atuam mais de 13 minutos por jogo na seleção turca, que usa boa parte de seu elenco

  • AFP PHOTO / BEHROUZ MEHRI

    Contra a Argentina, a Lituânia contou com sete jogadores anotando mais do que dez pontos

As quatro equipes que estão na semifinal adotam enorme rodízio entre seus atletas. A Sérvia é a seleção com rodízio mais impressionante: só quatro jogadores têm média de mais de 20 minutos por jogo. Todos atuam, em média, mais de 10 minutos. O maior pontuador do time, Savanovic, é reserva, assim como o segundo melhor arremessador de três pontos do Mundial, Keselj, que acerta 60% de seus tiros de três.

Rasic, quarto melhor chutador de 3 pontos da competição e autor da cesta da vitória sobre a Croácia, não estava em quadra quando Teodosic acertou o arremesso que eliminou a Espanha. O pivô Krstic, capitão e jogador mais experiente do time, foi reserva contra a Espanha. Jogou Perovic. “Preservei Krstic para momentos mais importantes do jogo. Dei oportunidade ao Perovic, que joga na Espanha. E fomos bem, vencemos por oito pontos”, disse o técnico Dusan Ivkovic.

Nos EUA, o uso de grande número de reservas faz parte da filosofia de Mike Krzyzewski desde que ele assumiu o time, em 2006. Como o estilo americano é de marcação sob pressão durante todo o tempo, revezando jogadores, ele consegue manter a intensidade –e cansar os oponentes.

Contra a Argentina, a Lituânia contou com sete jogadores anotando mais do que dez pontos. E um dos melhores da partida, Robertas Javtokas, que parou Luis Scola, não pontuou. Ou seja, ao menos oito jogadores foram fundamentais para a vitória. E, entre eles, não estava Gecevicius, autor de 20 pontos na vitória sobre a China –contra a Argentina, ele não jogou.

A Turquia vem usando boa parte de seu elenco, também. Dez jogadores atuam mais de 13 minutos por partida. O pivô Sinan Erden já ficou mais em quadra (139) do que o titular, Asik (133). Outro reserva, Senol Guler, é o vice-líder em roubadas do Mundial, com 2,7 por jogo.

Estrelas no banco

Gregg Popovic, técnico do San Antonio Spurs, costuma dizer que o primeiro quarto das partidas é o menos importante. “Nada se define nos primeiros minutos do jogo”. Seguindo esse conceito, ele manteve como “reserva” por vários anos um dos três eixos do time que ganhou três títulos da NBA na década de 2000, o argentino Manu Ginobili. Nos playoffs deste ano, Tony Parker, outro dos eixos, não era titular.

Theodoros Papaloukas, capitão do time grego vice-campeão mundial em 2006, também começava o jogo no banco. Por opção própria: ele preferia analisar o oponente e o andamento da partida. Assim, entrava já com uma estratégia ou “antídoto” pronto.

Na Turquia, esse conceito pôde ser observado não apenas com a Sérvia e Krstic. Na Eslovênia, os dois principais jogadores iniciaram partidas no banco. Jaka Lakovic, o capitão do time, foi reserva contra a Croácia. Mesmo assim, fez 15 pontos. O ala Bostjan Nachbar começou o jogo no banco contra o Brasil –mas estava em quadra quando, no segundo quarto, o time aplicou uma sequência de 14-0 que definiu a vitória do time europeu.

A Croácia também adotou essa estratégia corriqueiramente. Marko Popovic, jogador mais experiente e maior pontuador do time no Mundial, começou todos os jogos como reserva. Mais, na partida contra a Eslovênia, só foi chamado à quadra no segundo tempo suficiente para fazer 17 pontos.

“O treinador tinha me avisado que eu só entraria no segundo tempo”, disse Popovic ao UOL Esporte após o jogo. Desde o início da preparação ele conversou comigo. Sou um dos jogadores mais experientes. Às vezes, entro no segundo tempo, às vezes já no primeiro quarto, não importa. Às vezes vou fazer 13, 15, 20, 30 pontos, não interessa. O que interessa é o time”.

Significativamente, a Argentina, único país com dois jogadores entre os maiores pontuadores do Mundial (Scola, o 1º, e Delfino, o 7º), e com notável desnível entre titulares e reservas, foi eliminada. E o técnico lituano apontou parte do motivo. "Sabíamos que tínhamos um banco melhor, com mais opções. Queríamos usar essa vantagem, por isso pedi que jogassem com muita agressividade. Quem cansasse, seria substituído".

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