Ele chegou como a referência do grupo e maior ídolo de uma nação, mas pouco havia feito nas duas primeiras fases e teve uma melhora discreta nas semifinais. O melhor de Ichiro Suzuki estava mesmo reservado para a decisão. Com uma rebatida decisiva, ele deu o bicampeonato ao Japão no
World Baseball Classic (WBC), torneio entre nações que teve a participação de muitos dos principais nomes da modalidade.
Ichiro superou a eficiente defesa sul-coreana, impulsionou a corrida de dois companheiros (Akinori Iwamura e Seiichi Uchikawa) para marcar pontos que levou o Japão a derrotar a Coreia do Sul por 5 a 3 em final decidida apenas na prorrogação na madrugada desta terça-feira, em Los Angeles.
Antes da rebatida na décima entrada, o camisa 51 japonês teve êxito em três das cinco tentativas anteriores que teve com o bastão e ajudou o país a marcar o segundo ponto da partida durante a sétima entrada. Uma atuação bem diferente do restante do campeonato, já que Ichiro chegou à final com um aproveitamento de apenas 21,1% no ataque (bem menos que os 66,6% registrados na final) e ajudando apenas na marcação de três pontos em oito jogos.
Com Ichiro em noite inspirada, o Japão chegou a ter 3 a 1 no marcador, mas os sul-coreanos tiveram uma reação notável na oitava e nona entradas para empatar o jogo por 3 a 3. A final foi para a prorrogação após as nove entradas regulamentares e no primeiro
inning extra o Japão definiu o duelo para manter a hegemonia na competição. Em 2006, o país havia vencido Cuba na primeira edição do torneio, que reuniu mais de 200 jogadores da MLB (Liga Profissional dos EUA de beisebol) em 2009. Nas Olimpíadas de Pequim-2008, só oito atletas da principal liga profissional do mundo estiveram no torneio.
O resultado desta madrugada, aliás, foi uma revanche da semifinal olímpica, quando a Coreia do Sul derrotou o Japão por 6 a 2. Depois disso, os japoneses perderam a medalha de bronze para os EUA, enquanto os sul-coreanos obtiveram o primeiro ouro ao bater Cuba por 3 a 2. No WBC, as duas equipes haviam se enfrentado quatro vezes antes da decisão, com duas vitórias para cada lado.
A final desta madrugada foi dominada pelo Japão desde o início. Enquanto o arremessador Hisashi Iwakuma não permitia rebatidas aos rivais, os japoneses cansavam de perder oportunidades. Na terceira entrada, o interbase Hiroyuki Nakajima abriu o placar após boa tacada de Michihiro Ogasawara. Em seguida, o Japão teve atletas nas três bases, mas não conseguiu ampliar a vantagem.
A Coreia do Sul conseguiu a sua primeira rebatida apenas na quarta entrada e conseguiu o empate no
inning seguinte com um
home run de Shin-Soo Choo. Pouco antes, o Japão havia perdido outra chance de marcar, quando tinha um jogador na terceira base, mas não conseguiu levá-lo para anotar ponto.
O desempate só viria na sétima entrada com uma rebatida de Nakajima, que levou Yasuyuki Kataoka a marcar. No oitavo
inning, o Japão aumentou a frente com Uchikawa, mas a Coreia do Sul diminuiu com Bum Ho Lee. O terceira base sul-coreano voltaria a brilhar na última entrada do tempo regulamentar, quando obteve uma rebatida e ajudou Jong-Wook Lee a empatar o jogo.
Mas a alegria sul-coreana foi rapidamente frustrada pelo maior ídolo japonês. Em rebatidas simples, Uchikawa e Iwamura foram às bases. A Coreia do Sul já havia eliminado dois jogadores e com mais uma eliminação iria ao ataque sem ceder pontos. Porém, Ichiro tratou de superar a defesa rival, ajudou na marcação dos dois pontos e colocou o Japão na frente. Em seguida, a defesa nipônica apenas segurou a vantagem e comemorou o bicampeonato.
Apesar de ser decisivo na final, Ichiro não levou o prêmio de melhor jogador do campeonato. O atleta eleito foi o também japonês Daisuke Matsuzaka, arremessador que venceu os seus três jogos que disputou no torneio, incluindo o êxito sobre os EUA na semifinal. Matsuzaka também havia sido eleito o melhor da edição de 2006.