Mais uma vez atrás de Jenson Button, Rubens Barrichello deixou clara a sua decepção com o resultado final no GP da Espanha e a mudança repentina de estratégia para a corrida de seu companheiro de Brawn. Segundo colocado, o brasileiro viu os seus planos naufragarem após três paradas e a perda da liderança nos boxes. Com isso, o 'rival' britânico disparou na liderança do Mundial de Fórmula 1:
41 pontos contra 27.
Diante da realidade na temporada, Barrichello se apressou em dizer que não deseja ficar relegado ao posto de segundo piloto da Brawn e ser apenas um coadjuvante no time. Até mesmo a lembrança do GP da Áustria, em 2002, quando o brasileiro teve que seguir ordens da Ferrari e permitir que Michael Schumacher o ultrapassasse, veio à tona. A vitória ajudou o alemão na luta pelo título mundial daquele ano.
"Se isso acontecer novamente, não irei seguir nenhuma ordem do time. Estou deixando claro, então todo mundo já sabe disso", comentou Rubinho. Mais tarde,
em entrevista à Folha de S. Paulo e à Rádio Jovem Pan, revelou que teve uma conversa séria com Ross Brawn, chefe da equipe, com direito a ultimato, para questionar uma possível proteção a Button.
"Depois da corrida, falei para o Ross exatamente o que queria falar. Se ele tivesse feito alguma coisa para o Jenson ganhar, eu pendurava as minhas chuteiras, ia pra casa. Não preciso disso, sou melhor que isso", desabafou o brasileiro. Sua grande decepção foi o fato de ter sido informado sobre a mudança de estratégia de Button apenas após sua primeira parada, quando não teria mais tempo para também adotar um possível plano B.
Rubinho ainda afirmou que a possibilidade de seu companheiro parar somente duas vezes nos boxes não havia sido discutida nas reuniões conjuntas da equipe antes da prova. "Queria ter sido avisado assim que o Button mudou, não quando saí dos boxes, porque não tive escolha", disse. "Se me avisassem, teria uma volta para decidir se mudaria ou não. Em todas as reuniões só se falou que três paradas seria melhor e nem passou pela minha cabeça parar duas vezes. Foi surpresa quando me disseram."
As teorias sobre um possível benefício ao inglês foram negadas veementemente pela equipe dos pilotos. Segundo Ross Brawn, o que determinou o segundo lugar de Barrichello não foi a estratégia do britânico, e sim as voltas lentas do brasileiro após o terceiro pit stop. "Se você analisar os tempos das voltas com os pneus e combustíveis, tem um período da corrida em que ele estava muito mais lento do que eu esperava", explicou o chefe da Brawn GP. "Você vê na primeira curva que não tem ordem de prioridade na equipe. Rubens fez um ótimo começo e passou Jenson".
Em Barcelona, o brasileiro
largou bem e andou forte até a divergência de planos no time. Em sua primeira parada, colocou pouco combustível para fazer outros dois pit-stops. Button mudou de ideia e fez um a menos.
À Folha, o chefe da equipe destacou ainda que a entrada do
safety car impediu Button de fugir do tráfego, o que também motivou a mudança de estratégia.
Com um novo plano posto em prática no decorrer da prova, Button conseguiu a ponta da corrida. No entanto, o piloto diminuiu a importância da decisão. "Não acreditava que a mudança de estratégia fosse ser interessante. Achava que ficaria atrás de Massa. Não pensava realmente em ganhar a prova. Foi uma série de coisas que me levaram a ganhar", assinalou.
O britânico também disse estar chateado com a quantidade de questões sobre a diferença de estratégias e negou a possibilidade de existir uma relação ruim com Barrichello. "Nós dois trabalhamos muito perto do time e juntos, e há um bom ambiente na equipe. Todos nós estamos aqui para vencer e hoje foi o meu dia e não o dele. Isso pode mudar na próxima corrida. Assim que as coisas sempre acontecem na Fórmula 1", disse.
* Com agências internacionais** Atualizada às 9h34