Desde 6 de junho, quando o Atlético-MG foi derrotado pelo Ceará por 1 a 0 e o Mineirão foi fechado para obras, nenhuma partida oficial de futebol é disputada na capital mineira. Entretanto, no último sábado, uma briga entre torcedores atleticanos e cruzeirenses causou a morte de Otávio Fernandes, de 19 anos. A ocorrência de mortes em conflitos entre torcidas longe dos estádios tem se tornado comum em Minas Gerais.
Vítima | Data | Local |
Francisco Agnaldo Felício, torcedor do Cruzeiro | 11 de abril de 2004 | Região de Venda Nova |
Gustavo Telles Gonçalves, torcedor do Atlético Mineiro | 10 de julho de 2004 | Avenida Olegário Maciel |
Washington Sebastião Teixeira, torcedor do Atlético | 05 de agosto 2005 | Bairro Horto |
Pedro Ferreira, torcedor do Atlético Mineiro | 6 de maio de 2007 | Entrada do Mineirão |
duas pessoas, em tiroteio em ônibus | 16 de setembro de 2007 | Bairro Santo André, região Noroeste |
Samuel de Souza Tobias, torcedor do Atlético Mineiro | 27 de janeiro de 2008 | Centro da capital |
Lucas Batista Marcelino, torcedor do Atlético Mineiro | 15 de fevereiro de 2009 | Bairro Horto |
Otávio Fernandes, torcedor do Cruzeiro | 27 de novembro de 2010 | Savassi |
Desde 2004, nove mortes ocorreram no estado por causa de conflitos de torcedores. Duas delas foram próximas a estádios: em agosto de 2005, nas imediações do Independência, no Bairro Horto, e em maio de 2007 perto do Mineirão.
Na ocasião, a morte de Washington Sebastião Teixeira ocorreu depois de um clássico entre as equipes juniores de Cruzeiro e Atlético. Ele e outros dois atleticanos passavam pela Avenida Silviano Brandão, quando foi atingido por tiros vindos de um carro ocupado por três cruzeirenses.
No sábado passado, Otávio Fernandes foi agredido por torcedores do Atlético em um conflito entre integrantes das duas maiores torcidas organizadas do clube alvinegro e do Cruzeiro, Galoucura e Máfia Azul. A briga ocorreu durante evento de vale-tudo, o 3º MMA Fight Brasil, na casa de shows Chevrolet Hall, na zona sul da capital mineira.
Para o promotor do Ministério Público Estadual, José Antônio Baeta, as autoridades devem procurar entender o que ocasiona os conflitos entre torcedores independentemente de onde eles ocorram. “A questão não é o local desses óbitos. O problema é que é incompreensível como a rivalidade entre as torcidas cause fatos de tamanha barbárie”, observou, em entrevista ao UOL Esporte.
Baeta destacou que as torcidas organizadas podem sofrer punições caso seja configurado um desvirtuamento de suas funções. “O Estatuto do Torcedor legitimou as torcidas organizadas, mas também lhes atribuiu obrigações. Temos de analisar a mecânica dos fatos para verificar se há desvirtuamento dos objetivos sociais das organizadas, que são o apoio às agremiações e socialização entre os membros”, disse.
O promotor do MPE ressaltou que todas as organizadas de Minas Gerais já firmaram Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), com a presença do Ministério Público e comando da polícia, para regulamentar as suas ações. “Temos, portanto, todos os instrumentos jurídicos para punir as torcidas mesmo sem jogos”, afirmou.
Antes do assassinato de Otávio Fernandes, no último sábado, a última morte em conflitos de torcedores na capital mineira havia sido em fevereiro de 2009. Na ocasião, um torcedor do Atlético foi morto em um ponto de ônibus na Avenida Silviano Brandão, no Bairro Horto, quando esperava por um coletivo para ir ao Mineirão, assistir ao clássico entre Atlético e Cruzeiro.
Segundo a Polícia Militar, Lucas Anastácio Batista Marcelino estava com um grupo de torcedores quando dois homens passaram pelo local em uma moto e, em seguida, atiraram. Testemunhas disseram que os responsáveis pelos disparos vestiam camisas da Máfia Azul, principal torcida organizada do Cruzeiro.
Sair
Conheça a carreira de mais de 10.000 atletas