![]() Atitude em campo de Neymar contra Atlético-GO resultou na demissão de Dorival |
Ao contrário do episódio que resultou em sua saída do Santos, ano passado, quando foi vítima de ‘quebra de hierarquia’ envolvendo o atacante Neymar, o técnico Dorival Júnior teve o apoio da diretoria do Atlético-MG, que acatou a sua solicitação, e dispensou o meia Ricardinho e o volante Zé Luís. Durante a entrevista coletiva em que explicou os motivos da atitude da diretoria, o presidente Alexandre Kalil assegurou não admitir quebra de hierarquia sob o seu comando.
Dorival e Neymar Júnior se reencontraram em jogo entre Santos e Atlético-MG e trocaram abraços
Em sua saída do Santos, durante o Campeonato Brasileiro e após conquistar os títulos paulista e da Copa do Brasil, Dorival Júnior perdeu a disputa com Neymar, que durante partida contra o Atlético-GO, na Vila Belmiro, no dia 15 de setembro do ano passado, respondeu publicamente ao treinador. Ele acabou dispensado pela diretoria santista e se transferiu para o Atlético-MG, conseguindo evitar o rebaixamento do time mineiro para a Série B do Brasileiro.
Naquele jogo, o atacante foi impedido, por Dorival Junior de cobrar um pênalti, diante do Atlético-GO. Insatisfeito, Neymar reclamou publicamente dentro de campo e os dois discutiram nos vestiários. O jovem atacante foi punido pelo treinador e pela diretoria. Ele ficou fora por um jogo, contra o Guarani. O problema aconteceu quando Dorival optou por estender a punição para o clássico contra o Corinthians, o que irritou os dirigentes santistas, que optaram pela demissão da comissão técnica.
O diretor de futebol do clube paulista, Pedro Luiz Nunes Conceição, à época da demissão de Dorival Júnior, disse que a dispensa aconteceu por uma mudança na postura do treinador e uma quebra de confiança entre a diretoria santista e as decisões do técnico.
“Dorival teve crise de autoridade. O que foi acordado não foi cumprido. Assim, a confiança foi quebrada. A primeira punição foi comunicada previamente ao técnico. Se não concordasse, deveria ter comunicado à diretoria imediatamente”, frisou Pedro Luiz.
Diferentemente do ocorrido em Santos, a saída de Ricardinho, que na atual temporada era titular, e de Zé Luís, que estava na reserva, mostra que Dorival Júnior conta com total respaldo da diretoria atleticana, que tem acatado as suas decisões. O presidente Alexandre Kalil revela ser mais fácil dispensar os jogadores, como no caso de Zé Luís e Ricardinho, demitidos a pedido do treinador, do que modificar o comando do clube.
“Como eu não me vi à vontade de pegar meu boné e me demitir e acho que o treinador tem hoje prestigio nacional e com a diretoria, se o problema é da diretoria, um pedaço da culpa é dos jogadores, vamos dispensar os jogadores, que é mais fácil do que dispensar o treinador”, afirmou Alexandre Kalil, ao explicar sua decisão.
Esse é um assunto que morre aqui. Maluf e Dorival não vão falar sobre isso. É um assunto encerrado. Quem não prestigia treinador quando tem problema com atleta, paga uma conta muito cara. Quem não prestigiou paga a conta até hoje. Não tem culpado, estamos corrigindo um rombo
O presidente atleticano afirma que a saída do treinador, por problema com determinado jogador seria uma baixa grande para o Atlético. “Esse é um assunto que morre aqui. Maluf e Dorival não vão falar sobre isso. É um assunto encerrado. Quem não prestigia treinador quando tem problema com atleta, paga uma conta muito cara. Quem não prestigiou paga a conta até hoje. Não tem culpado, estamos corrigindo um rombo”, disse Kalil.
O dirigente atleticano não citou nominalmente, mas se referiu ao Santos, que está próximo de anunciar a contratação de Muricy Ramalho, que deixou o Fluminense, como solução para o comando da equipe. Após a dispensa de Dorival Júnior, o time santista foi treinado, de forma interina, por Marcelo Martelotte. Adilson Batista, primeira aposta para 2011, ficou pouco tempo no cargo, que voltou a ser ocupado provisoriamente por Martelotte.
No Atlético-MG, Alexandre Kalil não deixa dúvidas que a decisão de dispensar Ricardinho e Zé Luís, foi tomada com o objetivo de manter a hierarquia no clube, dando respaldo e autonomia para Dorival Júnior exercer o comando técnico do Alvinegro mineiro. Segundo o dirigente, os dois atletas vinham se mostrando contrários às decisões do treinador e aos seus métodos.
“Acontece que o questionamento ao treinador quando não é feito diretamente a ele, soa muito mal. Quando se questiona o trabalho, os horários e as viagens, com terceiros, o técnico e o departamento de futebol não gostam. Às vezes, isso é feito com um pouco de maldade e basicamente foi isso que aconteceu”, afirmou Alexandre Kalil.
Alexandre Kalil afirma que segue confiando em Dorival Júnior e destaca que pretende dar sequência no trabalho do treinador, até o final do ano, quando se encerra o contrato dele, diferentemente do que ocorreu com Celso Roth e Vanderlei Luxemburgo, que não chegaram ao final dos seus vínculos. Em 31 de dezembro de 2011 se encerra também o mandato de Kalil.
“Estamos muito no inicio da temporada, o contrato do Dorival é longo, um ano e meio, contrato que ele quis fazer, tudo o que nós tentamos foi uma sequência de coisas que não deu certo, quase chegamos a segunda divisão. Se o imponderável não entrar aqui com muita força nós vamos continuar, pensar a longo prazo, a gente pensa que é melhor”, observou Alexandre Kalil.
Dorival Júnior não quis comentar as causas das dispensas de Ricardinho e Zé Luís, evitando o assunto na sua entrevista após a vitória do Atlético-MG sobre o Democrata-GV, por 3 a 1, no último domingo. “Não vou falar nada a respeito da saída. O que eu tinha de falar ontem (sábado) eu falei ao Zé e ao Ricardo. Volto a dizer, aqui não tem essa história de jogarmos nas costas dos dois tudo o que aconteceu dentro do clube nesses últimos 30 dias. Muito pelo contrário”, limitou-se a dizer o treinador.
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