As escutas telefônicas feitas após denúncia dos procuradores Sílvio Luís Martins de Oliveira e Rodrigo de Grandis, do Ministério Público Federal, e acatada pelo juiz Fausto Martin de Sanctis, podem complicar o Corinthians dentro de campo.

Nas gravações, segundo decisão do juiz, foi verificado conversas entre os envolvidos para acertos de resultados, que evitassem o rebaixamento do clube.

Ao ser questionado sobre o assunto pelo UOL Esporte, o procurador-geral do Superior Tribunal de Justiça Desportiva, Paulo Marcos Schmitt, se mostrou surpreso, mas já afirmou que vai designar uma pessoa para cuidar do assunto.

"Estava voltando do Rio de Janeiro agora, pois tivemos uma audiência ontem [quinta], e ainda não tinha conhecimento disso. É algo grave, que pode ter desdobramentos na esfera desportiva também", afirmou Schmitt ao UOL Esporte.

"Já designei dois procuradores [Caio Medauar e Leonardo Serafim] para colher detalhes sobre o assunto. Precisamos ver se os dirigentes do clube estão envolvidos diretamente. Se isso realmente aconteceu, eles podem ser denunciados no art. 238 e derivações", completou.

O artigo citado fala em "receber ou solicitar, para si ou para outrem, vantagem indevida em razão de cargo ou função, remunerados ou não, em qualquer entidade desportiva ou Órgão da Justiça Desportiva, para praticar, omitir ou retardar ato de ofício, ou, ainda, para fazê-lo contra disposição expressa de norma desportiva".

"Mas ainda é prematuro falar qualquer coisa. Vou me interar do assunto, procurar o Ministério Público para ter acesso ao que foi dito nas gravações, mas é algo que interessa, e, muito, ao STJD", finalizou Schmitt.

O possível favorecimento para evitar o rebaixamento do Corinthians veio à tona na quinta, quando os procuradores do Ministério Público revelarem parte da denúncia que fizeram sobre uma quadrilha, encabeçada por Boris Berezovski, para lavagem de dinheiro no Brasil, utilizando o clube como porta de entrada.

Nas gravações, interceptadas nos últimos 14 meses, aparecem conversas no sentido de favorecer o Corinthians. "Temos indícios de que realmente houve manipulação de resultados. São muitas horas de gravações e há conversas sobre isso", afirmou Sílvio Luís Martins de Oliveira, responsável pela investigação ao lado de Rodrigo de Grandis.