A festa foi completa para o torcedor do Real Madrid em comemoração ao segundo título consecutivo do Campeonato Espanhol, o 31º em sua história. No início, viu o elenco do rival Barcelona formar um corredor para aplaudir a entrada dos atuais campeões. Depois, presenciou uma goleada incontestável diante de um "sonolento" adversário por 4 a 1, no estádio Santiago Bernabéu, pela antepenúltima rodada da temporada 2007/2008.

O resultado do clássico, aliás, comprovou o atual momento vivido pelos dois clubes. O Real Madrid fracassou na Liga dos Campeões, porém mostrou força no torneio nacional. Não viu sua liderança ameaçada em quase toda a competição. A duas rodadas para o encerramento e com 81 pontos, é superior em todos os critérios. Contabiliza 26 vitórias, é a equipe que menos perdeu (sete jogos), possui o ataque mais positivo (77 gols) e a defesa menos vazada (32).

Não bastasse isso, o técnico Bernd Schuster, muito criticado após a eliminação no torneio continental, soube acertar sua equipe na competição nacional. Mesclou a experiência (Raúl e Van Nistelrooy) com atletas jovens e que podem render novos frutos no futuro, casos do holandês Sneijder, e dos argentinos Gago e Higuaín. Esse último foi o responsável pelo gol da virada sobre o Osasuna por 2 a 1, no domingo passado, e que significou o bi nacional.

Por outro lado, o Barcelona acumula outro tropeço numa temporada marcada pelo vexame. Com o revés, estaciona nos 64 pontos, sete atrás do segundo colocado, o Villarreal, que derrotou o Recreativo Huelva (2 a 0). Com isso, será obrigado a disputar uma fase preliminar da Liga dos Campeões --apenas os dois primeiros vão direto para a fase de grupos.

Não bastasse isso, a temporada foi marcada pelas longas contusões de seus principais jogadores, casos do brasileiro Ronaldinho, que não entra em campo há muito tempo, e inúmeras especulações sobre saída dos principais nomes do elenco e do técnico holandês Frank Rijkaard, que se mostrou cabisbaixo em muitos momentos do clássico --o treinador não deverá continuar no clube e pode ser trocado pelo ex-jogador do clube Guardiola.

Madrilenos demonstram superioridade

Com uma equipe em festa e outra com a necessidade de uma vitória para continuar na briga pelo vice, esperava-se um Barcelona mais "esperto" diante de um Real "em plena comemoração". Não foi o que se viu durante a partida. Os donos da casa apresentaram a mesma eficiência tática das últimas apresentações e foram melhores desde o apito inicial de Pérez Burrul.

O primeiro tempo comprovou a superioridade madrilena. O goleiro Casillas foi um mero espectador em campo, principalmente pela apatia do time catalão. Já Valdés viu uma intensa pressão do rival e que culminou com o primeiro gol dos donos da casa, logo aos 12min. Após um bate-rebate na entrada da área, a bola sobrou para o experiente Raúl tocar no canto direito do goleiro do Barcelona.

O Real continuou pressionando. Não deu trégua para um sonolento Barcelona. Pouco tempo depois, aos 20min, Robben aproveitou cobrança de falta de Guti e, de cabeça, ampliou. 2 a 0. Após isso, os donos da casa ainda tiveram e desperdiçaram uma série de oportunidades. Exemplo disso foram as duas chances do holandês Robben numa mesma jogada, aos 39min.

O panorama do segundo tempo foi idêntico. O Barcelona limitou-se a se defender e torcia pelo final do clássico. Enquanto isso, os madrilenos mantinham a mesma postura atrás de uma goleada. Não se cansavam de perder gols. De tanto insistir, fez o terceiro, com Higuaín, aos 17min.

Com a facilidade, Schuster aproveitou para colocar em campo o holandês Van Nistelrooy, que vinha de uma longa recuperação por causa de uma artroscopia no joelho direito. E mostrou seu faro de artilheiro. Aos 32min, o holandês cobrou pênalti e fez o quarto do Real.

No final, o Barcelona teve duas chances de fazer seu gol de honra, todas com Messi. Mas parou em Casillas, que estava atento e evitou. No entanto, aos 41min, Henry anotou o único do clube catalão.

REAL MADRID
Casillas; Sergio Ramos; Pepe, Heinze e Marcelo; Gago, Diarra, Sneijder, Guti (Robinho) e Robben (Higuaín); Raúl (Van Nistelrooy).

BARCELONA
Valdés; Zambrotta, Puyol, Marquéz (Sylvinho)(Edmilson) e Abidal; Xavi, Touré, Gudjohnsen (Giovani) e Messi; Bojan e Henry.

Local: estádio Santiago Bernabéu, em Madri
Árbitro: Pérez Burrul
Cartões amarelos: Pepe, Heinze e Sneijder (Real Madrid); Valdés, Touré, Marquéz e Henry (Barcelona)
Cartão vermelho: Xavi (Barcelona)
Gols: Raúl, aos 12min, e Robben, aos 20min do primeiro tempo; Higuaín, aos 17min, Van Nistelrooy, aos 32min, e Henry, aos 41min do segundo tempo.