Na solenidade em que recepcionou nesta quarta-feira alguns dos medalhistas brasileiros nas Olimpíadas e nas Paraolimpíadas de Pequim, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a falar da seleção brasileira de futebol e lembrar da polêmica criada em torno de suas declarações antes dos jogos contra Chile e Bolívia, pelas eliminatórias sul-americanas para a Copa do Mundo de 2010.

Após as Olimpíadas de Pequim, quando o futebol masculino conquistou a medalha de bronze, Lula criticou os jogadores do time nacional e ainda elogiou o meia argentino Messi, falando que ele, quando perde a bola, corre atrás dela, enquanto os brasileiros cruzam os braços. A declaração provocou a resposta imediata do goleiro Júlio César, da Internazionale, que pediu para o presidente "renunciar ao cargo e ir morar na Argentina".

Nesta quarta-feira, ao ser lembrado sobre o assunto, Lula explicou que fez a crítica como torcedor, pois tem ciência do potencial da seleção brasileira. "Falaram muito da crítica que fiz para a seleção, mas o que as pessoas esperam de um atleta? É que ele faça aquilo que está ao seu alcance, ninguém pode exigir o sobrenatural, não é?", explicou.

O presidente reafirmou que perder ou ganhar faz parte do esporte, mas que os atletas precisam mostrar, no mínimo, força de vontade. "No esporte, o que é insuportável para quem está torcendo é perceber que as pessoas que estão lá disputando não estão suando a camisa. O que nem vocês (dirigindo-se aos jornalistas) que são torcedores aceitam", disse.

Para exemplificar, Lula recordou dos casos da seleção feminina de futebol e do ginasta Diego Hypólito, que também não subiram no lugar mais alto do pódio nas Olimpíadas, mas mostraram, em sua avaliação, entrega total para obter o resultado necessário.

Após as críticas do presidente, o Brasil venceu o Chile por 3 a 0, em Santiago, quando o técnico aproveitou para dizer que Lula deveria "estar contente" com o desempenho da seleção, mas três dias depois a equipe voltou a frustrar no empate sem gols com a Bolívia, no Engenhão, o que levou a torcida a pedir a saída do treinador.