O acidente de ônibus que matou três pessoas da delegação do Brasil de Pelotas pode tirar o time, o primeiro campeão estadual do Rio Grande do Sul, do Gauchão 2009. A tragédia, que além das vítimas fatais deixou mais de uma dezena de feridos, uniu o estado em corrente de solidariedade, enquanto o clube vela suas vítimas. O Brasil, que vivia uma fase de euforia e de sonhos de retornar à elite do futebol nacional, está agora com futuro incerto.

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CLUBES GAÚCHOS LAMENTAM TRAGÉDIA

A morte do atacante Cláudio Milar, um dos maiores ídolos da história do Brasil, do zagueiro Régis e do preparador de goleiros Giovani Guimarães - ocorridas no acidente de ônibus do final da noite desta quinta-feira -, ameaça até mesmo a participação da equipe no Campeonato Estadual, competição que se realiza desde 1919. Foi naquela primeira edição que o Brasil sagrou-se campeão.

Fundado em 7 de setembro de 1911, oito anos depois o time levantou a taça do primeiro Campeonato Gaúcho. Em 9 de novembro daquele ano, o rubro-negro de Pelotas viajou até Porto Alegre e goleou o Grêmio no estádio da Baixada por 5 a 1. Naquela primeira metade do século passado, a região sul do Rio Grande era rica e poderosa e o Brasil um exemplo de organização e qualidade futebolística. Nos anos 30, o clube seria mais três vezes finalista do Estadual - em 1933, 1934 e 1935 -, só que nas três oportunidades acabou vice-campeão.

Em nível nacional, o auge foi no Brasileiro de 1985, quando chegou entre os quatro finalistas. O time fez uma campanha fantástica, com direito a uma vitória sobre o Flamengo de Zico por 2 a 0 que até hoje é lembrada como uma das maiores partidas de todos os tempos na cidade. Na fase final daquela temporada, como o estádio Bento Freitas não tinha condições de abrigar um jogo semifinal, o time encarou o Bangu no Olímpico, em Porto Alegre, e mesmo que a torcida tenha viajado em peso e quase lotado o estádio do Grêmio, a equipe ficou no empate e, dias depois, no Maracanã, acabaria eliminada.

Nesta sexta-feira, 16 de janeiro de 2009, o Bento Freitas de tantas glórias é palco do velório dos atletas. A governadora do Estado, Yeda Crusius, para lá se dirige: "Estaremos presentes num ato de solidariedade pela tragéida que machuca a todos nós". Já o presidente da Federação Gaúcha de Futebol, Francisco Noveletto, pensa até na retirada do clube do Estadual, para que possa se reerguer:

"É a maior tragédia da história do futebol brasileiro", afirmou o dirigente, que já anunciou que ao menos a partida de estreia do Brasil no Gauchão, dia 22, contra o São José, está suspensa. Ele admite repassar todas as verbas a que o clube teria direito mesmo sem participação no campeonato e sem risco algum de rebaixamento, para que em 2010 volte a participar normalmente do campeonato. Mas já há uma corrente, em Pelotas, segundo a qual manter o time em ação seria a melhor forma de encarar a tragédia.

Restaram do acidente, além dos mortos, dezenas de feridos, e pelo menos dois deles sem chance de voltar à atividade logo. São os casos de Edu, 24 anos, ex-Grêmio; e de Xuxa, 22, ex-Santos.