Neste sábado, o Internacional completa cem anos de existência. Clube e torcida têm muito a comemorar, principalmente por conta dos excelentes resultados conquistados dentro de campo nesta década, como a Copa Libertadores e Mundial de Clubes. Mesmo com esse histórico invejável, os dirigentes colorados ficarão um pouco decepcionados por não ganharem um dos presentes mais cobiçados: a marca de 100 mil sócios na data que irá celebrar seu centenário.
Essa ambiciosa meta para qualquer outro clube brasileiro foi traçada pelo Inter em abril do ano passado. Quando completou 99 anos, a agremiação gaúcha, até então com 53 mil sócios, projetou quase dobrar seu quadro associativo e estipulou este como um dos seus grandes objetivos para coroar o trabalho de fidelização de torcedores que teve início em 2006.
"O Inter está com 80 mil sócios, e não conseguimos atingir a marca de 100 mil por causa da crise, além de o ano passado não ter sido muito bom dentro de campo, com exceção do título da Sul-Americana. Mas vamos chegar a 100 mil sócios até o fim deste ano e, para isso, vamos lançar uma nova campanha no dia 5", minimizou Jorge Avancini, vice-presidente de marketing do Inter.
Importado da Europa, local em que o Barcelona é um dos exemplos mais bem-sucedidos, o modelo de sócio-torcedor que o Internacional colocou em prática é, na teoria, simples. De forma geral, o torcedor paga uma taxa mensal e, em troca, tem direito a acompanhar todos os jogos da equipe no Beira-Rio.
Com essa fórmula, ainda em 2006, o clube gaúcho ganhou um "problema". Embalada pela conquista da Libertadores e a disputa do Mundial, a torcida aderiu em peso ao projeto. Com cerca de 42 mil sócios, o Inter teve de readequar o seu modelo, já que a capacidade do seu estádio atualmente é de pouco mais de 58 mil espectadores.
"Temos 42 mil sócios que não pagam ingresso, mas essa é uma categoria que não vendemos mais. Por isso, criamos outro plano, que tem 38 mil sócios, e que permite a compra de entradas com 50% de desconto. Pensamos que não é o Inter que tem de mudar, mas sim o torcedor. Só teremos um time grande quando tivermos um quadro associativo grande", afirmou Avancini.
O fato é que, mesmo sem ainda atingir o seu objetivo, o trabalho realizado pelo clube gaúcho com o seu sócio-torcedor se tornou modelo no Brasil. Dirigentes de diversos times já foram a Porto Alegre conhecer de perto a iniciativa. O sonho coletivo é poder se orgulhar dos números envolvendo o projeto da mesma forma que a diretoria do Internacional.
"Atualmente, arrecadamos em média R$ 2,7 milhões por mês apenas com o sócio-torcedor, o que torna essa a nossa segunda maior fonte de receita, atrás apenas na verba da TV, e à frente, inclusive, dos patrocínios", orgulha-se o vice-presidente de marketing do clube gaúcho.
Sem a "dependência" do patrocínio, o Inter prega cautela nas negociações. Seu contrato com o Banrisul, que vence no fim de junho, garante aos cofres do clube cerca de R$ 3 milhões anuais, valor considerado baixo se comparado ao das equipes do eixo Rio-São Paulo. Porém, com o dinheiro dos sócios, o Inter cogita até jogar com seu uniforme sem nenhuma marca caso nenhuma proposta agrade. Isso sem comprometer o seu orçamento.
"Temos até o fim de junho para fechar, mas estamos com as contas ajustadas. Sabemos o valor do produto Internacional, e por isso queremos um patrocínio que a gente entenda ser compatível. O Banrisul, por ser parceiro, tem preferência, mas vamos avaliar as propostas", completou Avancini.
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