No Brasil, a natação gira em torno do eixo Rio-São Paulo-Minas. Os clubes mais fortes e estruturados estão por lá, assim como os melhores atletas. Fora desse triângulo, a modalidade sobrevive a duras penas. Em alguns lugares, existe dinheiro, apoio e estrutura. Em outros, só com ações individuais os atletas conseguem seguir competindo.
O caso de maior sucesso fora do eixo é a Unisul. A universidade é uma das instituições de ensino mais ricas de Santa Catarina e, em Florianópolis, montou um pólo esportivo com tudo o que um nadador precisa. O complexo aquático é um dos mais elogiados no país, comparado apenas às duas piscinas que foram usadas nos Jogos Pan-Americanos de 2007, os parques aquáticos Maria Lenk e Júlio Delamare.
“Nós temos uma estrutura igual ou melhor do que Minas ou Pinheiros. O complexo aquático é muito bom. Temos ainda apoio acadêmico da universidade, que fornece profissionais para a área de psicologia, nutrição. É uma estrutura internacional dentro do Brasil. Eu já tive propostas que envolviam muito mais dinheiro, mas optei pela tranquilidade. Estou em um clube de boas condições, mas sem a pressão dos grandes”, diz Guilherme Roth, nadador do time catarinense.
A realidade da Unisul contrasta com o que outra atleta que já fez parte da seleção nacional, Ethienne Medeiros, encontra em Recife, no Pernambuco. Ela é nadadora do Nikita-Sesi, clube que revelou também Joanna Maranhão. “É bom ter um clube bom no Nordeste que apoia a natação, mas a estrutura ainda pode melhorar. Eu tive que montar uma equipe para mim, com fisiatra, massagista, fisioterapeuta, nutricionista, mas o clube não tem isso montado”, conta a nadador. “Mas não penso em mudar. Já tive propostas, mas estou feliz onde estou”, completa.
No meio do caminho entre os dois modelos está o Clube Curitibano. No ano passado, o time terminou em quinto lugar no ranking nacional de clubes da CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos). A lista leva em conta resultados em todas as categorias nos campeonatos nacionais. Dois anos antes, o Curitibano era 32º colocado.
O feito impressiona: no troféu Maria Lenk, que termina no domingo, por exemplo, o clube inscreveu 20 atletas. Entre as 16 agremiações que mandaram atletas para a competição, sete têm delegações maiores. “Nós temos uma filosofia diferente. O Minas, por exemplo, trabalha com 500 nadadores. Nós temos 200, do mirim ao sênior”, conta o técnico Welington Soares, ex-Minas, que trabalha há dois anos no Curitibano.
Para os atletas, porém, nadar por um clube grande ainda faz diferença. O grande exemplo disso é Joanna Maranhão. A atleta, finalista olímpica, trocou no ano passado Recife por Minas. “É uma realidade completamente diferente. No Minas, agora eu tenho toda uma estrutura por trás que faz a diferença. Se meu técnico diz que eu preciso de qualquer coisa, eu só preciso subir uma escada e posso fazer o trabalho específico. No Recife, era tudo particular”, explica a nadadora. “Além disso, uma coisa que faz diferença é a equipe. No Minas, eu posso nadar com os meninos, tento sempre acompanhar”.
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