![]() Sérgio Yuppie, pentacampeão mundial, desce a Ladeira da Morte, em São Paulo |
Sérgio Yuppie está no topo da Ladeira da Morte, uma rua tranquila na região da Pompéia, em São Paulo, quando uma viatura de polícia aparece. O carro passa devagar, com os oficiais olhando atentamente o skatista. Os cinco títulos mundiais do veterano não importam nesse momento. O preconceito diminuiu, mas quem anda de skate ainda sofre com a imagem de “vagabundo e maconheiro”.
“Hoje em dia, com a atenção da mídia e a tecnologia, as pessoas respeitam mais o skatista. Mas com certeza ainda tem muito recalcado achando que todo skatista é vagabundo e puxador de fumo. Mas se você for ver, é só skatista que fuma maconha? Médico, advogado, surfista... Muita gente fuma”, diz o skatista de 36 anos.
O currículo de Yuppie impressiona. Ele tem cinco títulos mundiais de downhill slide, prova de skate em que o atleta desce a ladeira fazendo manobras, com juízes analisando os movimentos – sem contar os cinco títulos brasileiros e um canadense. Hoje, ele não compete mais. Ganha a vida em exibições e com sua empresa.
É dono de uma marca de skates, a Curva de Hill, que faz shapes, itens de proteção e roupas. É patrocinado por uma marca de rodinhas (Abec11), que banca o material necessário para o esporte. “Cada jogo de rodas custa R$ 150,00. E cada sessão gasta um jogo. Não é um esporte dos mais baratos”, confirma.
De volta à Ladeira da Morte e ao carro de polícia, a cena é comum para Yuppie. Com 26 anos de carreira no skate, ele virou profissional em 1995, mas os problemas com a polícia ainda persistem. “Nos anos 80 era normal levar enquadrada da polícia, principalmente na época do Jânio Quadros na prefeitura. Já apreenderam o meu skate, chegaram dando tapa na orelha, me levando para delegacia. Hoje está melhor, mas às vezes você ainda tem problemas dando rolê pela cidade”, conta.
A ligação com as drogas são um problema e o skatista não nega. “Nem todos os skatistas fumam, mas é claro que tem algumas pessoas que curtem um baseadinho. Na minha opinião, o real problema nem é esse. Está cheio de engravatado que diz que skatista é loucão e drogado, mas cheira cocaína. E, se levar para o campo do esporte, vira e mexe os jornais falam de briga de torcida de futebol que acaba em morte e destruição. E no skate, onde só tem ‘vagabundo’ [faz o sinal de aspas com as mãos] ninguém morre em briga”, completa.
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