Gustavo Kuerten e Larri Passos retomaram a parceria de maior sucesso do tênis brasileiro. Depois de pouco mais de um ano e meio separados, os dois voltaram a treinar juntos em quadra na semana passada. O catarinense tenta reerguer sua carreira após despencar no ranking devido a complicado problema físico.
Pupilo e treinador trabalharam por 15 temporadas - dos 14 anos de um Guga ainda amador aos 28 anos do já ex-número um do mundo. Guga ganhou 20 títulos no circuito internacional sob o comando do Larri, entre eles o tricampeonato de Roland Garros e a Copa do Mundo, em Lisboa. O brasileiro também liderou o ranking da ATP (Associação dos Tenistas Profissionais) por 43 semanas.
"O objetivo, para mim, sem dúvida nenhuma, é voltar a jogar em um nível no topo do circuito. Estamos pensando na maneira de voltar a isso", disse o tenista, em Florianópolis. "Nosso relacionamento que é o importante. É um fator determinante para eu me superar. Fui atrás dele com essa idéia."
Guga telefonou para Larri Passos na semana passada. O treinador, que estava em sua academia em Camboriú (SC), o chamou para conversar. "E ele já me perguntou se poderia levar suas raquetes. Aí nem fomos para o escritório. Fomos direto para quadra", afirmou o técnico.
A histórica dupla foi desfeita em março do ano passado. Em primeiro momento, Guga disse que viajaria sozinho pelo circuito. Mas logo na seqüência passou a ter a companhia do argentino Hernán Gumy, demitido no início do mês.
"Foi legal trabalhar com o Hernán, mas eu queria uma mudança, uma coisa diferente, no meu próprio dia-a-dia. Acho que até em função de ficar todo esse tempo sem jogar, estou buscando algo que me traga uma nova motivação", disse Kuerten, que disputou 13 partidas sob o comando do argentino, com três vitórias e dez derrotas.
Essa procura por novo ânimo caminhou justamente para o antigo mentor, que já classificou como um "pai" fora das quadras. A recontratação do técnico gaúcho é mais uma cartada do tenista em sua luta para voltar a jogar de maneira competitiva. Guga sofreu duas operações no quadril, trocou duas vezes de técnico, contratou o fisioterapeuta Nilton Petrone, o Filé (um dos responsáveis pela recuperação do atacante Ronaldo), e passou até mesmo por uma cirurgia espírita.
"Talvez ele precisasse desse tempo separado. Fizemos um primeiro turno e ganhamos. Agora vamos tentar vencer no segundo", afirmou Larri.
A última partida de simples disputada por Kuerten aconteceu em 21 de fevereiro deste ano, quando perdeu para André Ghem na primeira rodada do Aberto do Brasil. Antes deste evento, ele havia disputado o Aberto dos Estados Unidos, em setembro de 2005, como seu último torneio.
No mês passado, ele voltou à ação para disputar o duelo de duplas no confronto com a Suécia, pela repescagem da Copa Davis. Um retorno definitivo ao circuito ainda não está definido. Guga admite que o problema no quadril ainda causa desconforto - tem de aprender a trabalhar com ele.
Mas, depois de tanto tempo inativo, o tenista tenta voltar à boa forma técnica. "Vamos excluir qualquer tipo de meta, qualquer tipo de direcionamento a um campeonato. Vamos treinar e ver como meu corpo vai dar a resposta", disse Kuerten.
O técnico, por sua vez, começou a guiar a jovem austríaca Tamira Paszek, de apenas 15 anos. O trabalho começou a dar resultados. Em setembro, ela entrou para a lista das tenistas mais jovens do mundo a conquistar um título profissional WTA. Foi campeã em Portoroz, na Eslovênia. No tênis feminino, ela fica atrás apenas da norte-americana Tracy Austin, que triunfou com um torneio com apenas 14 anos, em 1997.
Neste ano, também orientou o gaúcho Marcos Daniel em sua preparação para Roland Garros. Mas o tenista perdeu logo na estréia do Grand Slam francês, diante do inexpressivo Mathieu Montcourt.
Larri segue com a austríaca. E isso deixará a ligação com Kuerten um pouco mais solta nesta nova etapa. "Ele sabe que não sou mais o mesmo de 15 anos atrás e que pode me coordenar à distância", disse o catarinense. "Mas é claro que nos torneios importantes ele estará comigo."
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