Sem nenhuma surpresa, César Cielo recebeu nesta terça-feira o prêmio Brasil Olímpico de melhor atleta de 2008. Campeão olímpico dos 50 m livre, ele bateu Robert Scheidt, medalhista de prata na classe Star, da vela, nos Jogos Olímpicos de Pequim, e Diego Hypólito, que nesse sábado se sagrou campeão da Superfinal da Copa do Mundo de ginástica, mas falhou em sua busca por uma medalha na China. Na categoria feminina, a saltadora Maurren Maggi foi eleita a melhor.
"Este prêmio e este dia marcam a última vez em que eu vou me permitir sentir e reviver a conquista olímpica. A partir daqui já vou estar focado no Mundial de Roma [em 2009], que é meu grande objetivo a partir de agora", afirmou Cielo. Muito emocionado, o nadador ainda brincou com o fato de chorar. "Vou ficar com a fama de chorão assim. Mas queria agradecer a todos que votaram em mim e ao Diego Hypólito, que disse ter votado em mim."
O ouro de Cielo foi o primeiro da natação brasileira, mas não foi lapidado em piscinas nacionais. Para ser campeão olímpico, o garoto de 21 anos de Santa Bárbara do Oeste, no interior de São Paulo, teve de ir para a minúscula cidade de Auburn, nos EUA. Na universidade local, ele estudou, treinou e encontrou o ambiente ideal para a preparação de um atleta de alto nível.
"Não tem comparação entre EUA e Brasil. Lá, toda semana você tem competições fortes. Você está sempre nadando contra seus rivais. No Brasil, a gente tem um campeonato de primeiro nível a cada seis meses. Sem contar as condições de trabalho. Na minha universidade, por exemplo, quando a Fina liberou o novo bloco de partida (que pode ser usado já no Mundial de 2009), uma semana depois tínhamos um na piscina, para treinar", conta o nadador.
Experiências como a de Cielo não são novidade na natação nacional. O mesmo aconteceu com Gustavo Borges e Fernando Scherer. Os dois últimos medalhistas olímpicos em provas individuais do Brasil também treinaram nos Estados Unidos.
A premiação desta terça-feira deve ser uma das últimas chances de ver Cielo no Brasil até março. Ele vai passar o fim de ano isolado no litoral de Santa Catarina e, a partir de janeiro, vai para os Estados Unidos, onde vai se preparar para o Mundial de Roma, em julho. "Eu sei do que preciso nessa fase de preparação e o que eu preciso é de Auburn. Eu fui campeão olímpico com essa rotina e vou continuar fazendo isso", afirma o nadador.
Este foi o segundo prêmio de melhor do ano seguido conquistado pela natação. No ano passado, Thiago Pereira foi o grande vencedor do Brasil Olímpico, após a ótima atuação no Pan-Americano do Rio. Na piscina do complexo aquático Maria Lenk, ele conquistou oito medalhas, seis de ouros, e quebrou o recorde de Mark Spitz.