O ano em que o vôlei brasileiro conquistou pela primeira vez medalhas olímpicas com as seleções masculina (prata) e feminina (ouro) marcou também o recorde no número de repatriações de atletas. Na contramão do retorno 'em massa', a ponteira Paula Pequeno admitiu a possibilidade de atuar fora do país.
Eleita a melhor jogadora dos Jogos Olímpicos de Pequim, a atleta de 26 anos afirmou que a maturidade pode levá-la a defender um clube estrangeiro. "Eu estou disposta a novos desafios. Acho que hoje me sinto mais madura. Um dos motivos para não sair até agora é que não me sentia preparada para tudo isso. Estou mais forte e estável psicologicamente para, de uma vez por todas, encarar um desafio novo", afirmou Paula ao
Esporte Espetacular.
A ponteira da seleção brasileira está próxima de completar 11 anos defendendo o Finasa/Osasco, equipe com a qual conquistou o tricampeonato da Superliga em 2002/2003, 2003/2004 e 2004/2005 e oito títulos do Campeonato paulista, entre outros.
"A história é muito bonita, sempre teve altos e baixos como a contusão e a gravidez que foi um susto, mas a minha relação com o Finasa sempre foi muito intensa, com a torcida também. Eu realmente vesti a camisa como visto a da seleção e como vou vestir talvez de um próximo time. Onde estou faço realmente de coração, abraço mesmo", disse.
Mesmo com o compromisso com a equipe de Osasco, Paula Pequeno falou que a possibilidade de deixar o clube existe, mas o assunto não foi pensado no atual momento - em que a equipe disputa a Superliga. "É o caminho natural. Há possibilidade [de deixar o clube] sim, é claro. Ainda não pensei sobre isso para a próxima temporada, mas está chegando um ponto em que é meio inevitável porque a carreira é curta. Chega uma hora que tem que colocar na balança e ver o que é melhor."
Principal jogadora da equipe comandada por Luizomar de Moura, a atacante minimiza a importância do lado financeiro e exalta o carinho e o profissionalismo como ponto forte do Finasa. "O dinheiro é importante e não tem como comparar as propostas. É cavalar a diferença. Fica muito claro que não foi por dinheiro que fiquei por tanto tempo. Foi porque tem uma história de amizade muito grande."
A saída de Paula do Brasil vai na contramão da opção de outros atletas olímpicos. Companheiras da ponteira na conquista do ouro em Pequim, Mari, Sheilla e Fofão retornaram ao país para defender o São Caetano/Blausiegel na Superliga feminina. Entre os homens, Escadinha, André Nascimento, Marcelinho, André Heller e Samuel foram repatriados.
"O primeiro ponto é que jogar no seu país deve ser melhor do qualquer opção. Estar perto da família, dos amigos e feliz no time que joga te faz durar. Te faz pensar, é claro, e novos desafios são bons. Sair seria muito interessante pelo lado cultural não só para mim quanto para minha filha", explicou.