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Jogadoras dão ultimato para o Medley/Banespa pagar salários atrasados - 21/01/2009 - UOL Esporte - Vôlei
UOL Esporte Vôlei
 
21/01/2009 - 07h30

Jogadoras dão ultimato para o Medley/Banespa pagar salários atrasados

Roberta Nomura
Em São Paulo
Dentro da quadra, o Medley/Banespa faz uma campanha regular na Superliga feminina de vôlei. Com o oitavo lugar na classificação geral, a equipe hoje estaria classificada para a fase final da competição. Mas fora do campo de jogo, o time enfrenta uma grave crise. Atraso de salários, greve, saída de jogadoras e improvisos nos treinos tumultuam a vida da equipe paulistana. E a situação pode piorar ainda mais a partir desta quarta-feira, com um ultimato dado pelas atletas desertoras: se o Banespa não quitar os salários, a equipe será processada.

BANESPA TEM ELENCO REDUZIDO
João Pires/MF2/Divulgação
Maior pontuadora do Banespa, Ciça é destaque da equipe na Superliga
Levatadoras: Ananda (19 anos)
Líberos: Paty (19 anos)
Opostas: Ciça (27 anos)
Ponteiras: Jéssica (21 anos), Elis (20 anos), Mari (20 anos) e Letícia (18 anos)
Centrais: Paula (26 anos), Luciane (21 anos) e Renata (20 anos)
CRISE FAZ COMISSÃO IMPROVISAR
PÁGINA DA SUPERLIGA FEMININA
O imbróglio começou em novembro e se estendeu durante todo o segundo turno da Superliga. Sem receber salários há dois meses, a oposta Neneca, a levantadora Luciana, a ponteira Ingrid - as três titulares no início da competição - e a líbero Leia decidiram rescindir o contrato com o clube, deixando o time com apenas dez jogadoras no elenco.

"Vamos esperar o prazo final, que é depois do jogo contra o Rexona, para formalizar a rescisão. A ideia é chegar a um final feliz sem o processo jurídico. Caso isso não seja possível, vamos entrar com uma ação, porque alguém vai ter que responder por isso [atraso salarial]", afirmou o agente de Ingrid e Neneca, Rogério Pires, ao UOL Esporte. A partida contra a equipe carioca é nesta quarta-feira, às 19h30.

A pendência deve ter seu desfecho sem a presença do patrocinador Medley, responsável pelo pagamento da folha salarial, segundo o supervisor do Banespa, Eduardo Franco da Silva. Procurados pela reportagem, representantes da empresa não foram encontrados. O dirigente do clube paulista informou que a alegação oficial para o atraso é a crise financeira mundial e que, no momento, os funcionários da empresa estão em férias coletivas até o dia 2 de fevereiro.

Antes de 'sair de cena', a Medley, que já confirmou a saída do vôlei de praia, garantiu o pagamento de um salário e meio para as atletas do clube e prometeu que toda a dívida será quitada até o final da Superliga, em abril. O acordo, no entanto, foi conquistado somente após medidas enérgicas. Depois de seguidas reuniões, as jogadoras decidiram fazer uma greve e não compareceram ao treino no fim de dezembro. A iniciativa de sair do clube, que chegou a fazer parte dos planos de outras atletas, também interferiu e colocou em risco a continuidade da equipe na competição.

CUIDADOS CONTRA LESÕES
A deserção de quatro atletas obriga o Medley/Banespa a disputar o restante da Superliga feminina de vôlei com apenas dez inscritas. Diante do quadro provocado por atrasos salariais, a comissão técnica redobrou os cuidados para evitar outras baixas no reduzido elenco, que já conta com três juvenis. Sem possíveis substitutas, duas jogadoras da base despertam ainda mais atenção para evitar possíveis lesões porque atuam em posições imprescindíveis: como levantadora e líbero.

Com a saída de Luciana, o Banespa tem à disposição apenas uma levantadora. Recém-promovida do juvenil, a jovem Ananda é a responsável por armar as jogadas do clube paulista em quadra. "A responsabilidade aumentou muito. Mas com o time e a comissão técnica me ajudando, estou levando numa boa. É uma experiência diferente e um pouco mais difícil, mas sei que se ficar me cobrando muito vou errar mais", disse a atleta de 19 anos.
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"Achei que a equipe ia acabar. Mas fizemos uma reunião que foi decisiva. Foi mesmo para lavar a roupa suja. O Alexandre [Rivetti, técnico] disse que iria continuar até o fim independente de quem ficaria. Isso me motivou muito", contou Ciça, que disse ter recebido propostas de times da Itália, Espanha e Turquia. Ex-jogadora do Minas, a oposta revelou que sofreu com o mesmo problema na equipe mineira, que atrasou em cinco meses o salário. "Mesmo sendo mais tempo, a situação parecia menos grave, porque o Minas ainda tinha condições de ajudar e acabava pagando o que o patrocinador não dava."

Com um gasto que pode chegar a R$ 1 milhão durante toda a Superliga, o Banespa tem outros dois patrocinadores de apoio para ajudar com outras despesas, como alimentação. Os custos de deslocamento (passagens, hospedagem e transporte) são arcados pela CVC, empresa de turismo que investiu R$ 3,8 milhões na Superliga 2008/2009.

Sem revelar o valor, Silva apenas informou que a folha salarial dobrou em relação à temporada anterior, em que a equipe atuou sem patrocínio na camisa. O UOL Esporte apurou que o teto salarial de atletas é de R$ 10 mil. "No ano passado era mais planejado. A gente acabou trazendo jogadoras mais caras, contando que a Medley ia cumprir o contrato religiosamente. Se tivéssemos feito um planejamento com os pés mais no chão, não passaríamos por isso que estamos passando com a Medley", criticou o técnico Alexandre Rivetti.

Embora tenha vivido a pior crise extraquadra, o supervisor do Banespa descartou a possibilidade de desfazer a parceria no decorrer da Superliga e disse que pretende manter o contrato com a Medley em uma temporada futura. "Hoje em dia não tem como ficar sem patrocínio. O que sabemos até o momento é que nada muda. Vamos continuar com eles até o final da competição", declarou Silva.

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