![]() Kevin Garnett foi excluído de jogo da pré-temporada por reclamar com a arbitragem |
Faltam sete dias para o início da temporada 2010-11, mas uma polêmica regra imposta pela NBA já provoca indignação de jogadores e técnicos. Visando diminuir a pressão sobre os árbitros durante os jogos, a liga norte-americana mudou a norma sobre as faltas técnicas e adotou uma espécie ‘lei da mordaça’ sobre atletas e treinadores.
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A NBA é conhecida por seu rígido código de conduta, que possui uma série de restrições à liberdade de expressão dos atletas. Conteúdo de entrevistas, manifestações pelo Twitter e até mesmo o vestuário dos jogadores passam pelo controle da liga norte-americana. Na última temporada, vários atletas e treinadores foram multados pela NBA por reclamarem publicamente da arbitragem em entrevistas ou pelo Twitter. Entre os ‘reclamões’ mais punidos foram o pivô Dwight Howard, do Orlando Magic, e o técnico Phil Jackson, do Los Angeles Lakers. O controle no Twitter também abrange o momento no qual os atletas podem utilizar os serviços do microblog. Jogadores e técnicos estão proibidos de postarem qualquer mensagem desde 45 minutos antes dos jogos até o término dos compromissos após os confrontos. A liga norte-americana tem ainda um rigoroso código de vestiário que prevê a utilização de traje social em eventos ligados à NBA. É vetada a utilização de regatas, bermudas, camisetas ou qualquer tipo de roupas esportivas. Os atletas também não podem usar chapéus de qualquer espécie, correntes e medalhões, além de óculos escuros em ambientes fechados. Os fones de ouvido são permitidos apenas em viagens de ônibus, avião e no vestiário da equipe. |
De acordo com a nova regra da NBA, qualquer tipo de manifestação contrária às decisões da arbitragem será punida com uma falta técnica. Além das reclamações verbais, os gestos também serão coibidos com a marcação da infração.
“Se você der muito controle a esses caras [árbitros], pode começar a vender suas camisas no Footlocker [loja especializada em produtos de basquete]”, disse o pivô Shaquille O’Neal, do Boston Celtics. “Este é um jogo emocional. Quando pago ingresso em diferentes arenas e levo meus filhos e filhas, quero ver tudo. Você não pode tentar controlar um jogo emocional, esperar que as pessoas não tenham emoções”.
A nova norma foi colocada em prática durante a pré-temporada, provocou confusões e causou muita irritação entre os atletas. O caso mais emblemático ocorreu no jogo entre Celtics e New York Knicks, em que três faltas técnicas foram marcadas em sequência e o ala-pivô Kevin Garnett acabou excluído.
Na ocasião, Shaq questionou a arbitragem sobre uma infração e levou uma falta técnica. Garnett tomou as dores do companheiro, reclamou junto a outro oficial e também foi punido. Descontente, o ala-pivô seguiu murmurando protestos enquanto se distanciava do árbitro, levou mais uma falta técnica e acabou excluído.
“Acredito que isto afeta a todos, pois é um tipo de jogo muito emocional. Mas esta é a regra”, comentou o técnico do Los Angeles Clippers, Vinny Del Negro. “Você tem que controlar suas emoções e ser esperto sobre isso. E isto é difícil, principalmente para os atletas. E a regra, provavelmente, mudará o resultado dos jogos em algumas situações”.
Você não pode tentar controlar um jogo emocional, esperar que as pessoas não tenham emoções
Nossas pesquisas mostram que os fãs acham que os jogadores da NBA reclamam demais
Stern apresenta uma ordem desesperada que não faz nada além de cobrir as falhas de seus árbitros
Eu acho que pelo bem dos fãs e da audiência, é bom ver alguma emoção. Você não gostaria de me ver ali com a mesma cara
Eu disse: 'Eu não posso falar com você?'. Dessa forma. Suave, voz de travesseiro. E ele me deu uma técnica...
Atletas e treinadores foram informados pela NBA sobre as novas regras durante reuniões na pré-temporada. Surpreendidos com a medida, ficaram inconformados por não terem sido consultados antes que a mudança nas normas fossem tomadas.
“Eu disse: 'Eu não posso falar com você?'. Dessa forma. Suave, voz de travesseiro. E ele me deu uma técnica... Para mim, isso é muito rápido. Rápido demais. Será um longo ano. Um monte de faltas técnicas, um monte de paralisações durante os jogos”, reclamou Shaq. “Fizemos várias perguntas durante as reuniões, como ‘não podemos fazer mais isso? Não podemos bater palmas?’. Estamos caminhando para um jogo mudo”.
Diante da irritação provocada pela nova medida, a associação dos jogadores da NBA ameaça processar a liga norte-americana. A entidade alega que a medida é uma forma de censura aos direitos individuais dos atletas e um exagero desnecessário.
“Nós não vimos qualquer aumento no nível de reclamações junto à arbitragem e acreditamos que todos os atletas tem demonstrado um comportamento adequado”, disse Billy Hunter, diretor executivo da associação de atletas. Para o dirigente, as novas medidas “asfixiam a paixão dos atletas por seu trabalho”.
A NBA rebateu a enxurrada de críticas sobre a nova regra e culpou atletas e treinadores pela mudança. De acordo com os dirigentes da liga, a alteração na norma foi necessária devido ao grande número de reclamações de jogadores e técnicos junto aos árbitros.
“Nossas pesquisas mostram que os fãs acham que os jogadores da NBA reclamam demais. À parte disso, nós temos observado um excesso de reclamações aos árbitros. Quando você faz isso seis vezes por jogo, começa a ficar feio na televisão”, afirmou Stu Jackson, vice-presidente da NBA.
Além da possibilidade de exclusão, o maior rigor da arbitragem trará forte prejuízo ao bolso dos atletas. A NBA aumentou os valores das multas para as falta técnicas, que variam entre US$ 2 mil e US$ 5 mil por infração dependendo da reincidência.
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