O que não faltou em torno do clássico entre São Paulo e Corinthians foi confusão. Distribuição de ingressos, suspeita sobre arbitragem, jogo tenso e uma grave briga entre torcedores e policiais esquentaram, e muito, o tradicional confronto. Os dias que antecederam a partida foram de acusações e provocações. As cenas que encerraram o duelo foram de violência. O futebol ficou em segundo plano.
Borges e André Santos anotaram os gols do empate por 1 a 1 no Morumbi, mas viram os holofotes se voltarem para outro lado. A confusão entre corintianos e policiais, que resultou em pelo menos 30 torcedores e dois policiais feridos, foi um triste capítulo de uma novela que começou a ser contada justamente em torno da torcida.
A decisão do São Paulo de mandar apenas 10% da carga de ingressos para o Corinthians, como permite a lei, gerou uma série de reações durante a semana. O fim da tradição de estádio dividido que existia entre os clubes afetou a relação dos arquirrivais.
A diretoria alvinegra brigou por mais entradas. Foi em vão. Em meio à guerra de comunicados oficiais, o Corinthians classificou a atitude tricolor de arrogante, egoísta e típica de equipes com torcidas pequenas. O São Paulo respondeu. Lembrou que o rival estava em período eleitoral (Andres Sanchez foi reeleito presidente no sábado) e por isso "jogava para a torcida" na polêmica.
Quando a discussão sobre os ingressos diminuiu, a diretoria corintiana levantou outro debate. Questionou a escalação do árbitro José Henrique de Carvalho no clássico, considerando-a perigosa. Disse, ainda, sentir-se insegura com a Comissão de Arbitragem.
Chegou o domingo e a hora do jogo. Em campo, a tensão marcou o duelo. Após cinco minutos de bola rolando, sete faltas haviam sido marcadas. Entradas duras aconteceram. No saldo final, três jogadores expulsos (Túlio, André Santos e Wagner Diniz) e outros nove cartões amarelos aplicados. Túlio recebeu o vermelho por dar um soco em André Dias após ser provocado. Borges, por sua vez, disse ter sido agredido por Escudero.
Encerrada a partida, os dois temas que haviam sido discutidos nos dias anteriores voltaram à tona. Mano Menezes e a diretoria do Corinthians questionaram a marcação do árbitro na expulsão de Túlio. Admitiram que o volante mereceu o vermelho, mas acusaram uma interferência externa na arbitragem durante o jogo.
"O árbitro não viu o lance e o assistente demorou muito para levantar a bandeira. Tenho certeza que alguém de fora interferiu no lance. Estamos indo para um caminho muito perigoso no futebol", acusou Mano. Diretor de futebol, Mário Gobbi chegou a pedir a demissão de Marcos Marinho, chefe da Comissão de Arbitragem.
ANÁLISE DE JUCA KFOURI |
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 | Crônica de uma guerra anunciada, quebrou o pau no Morumbi |
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Enquanto o dirigente esbravejava, a torcida do Corinthians se via envolvida em cenas de violência e desespero. A explosão de uma bomba gerou confusão entre os alvinegros e a polícia, que iniciaram um confronto na saída do estádio. Os demais, assustados, tentaram fugir da briga em direção às arquibancadas.
A correria culminou em pessoas caídas, pisoteadas, desmaios e muitos ferimentos. Pelo menos 30 torcedores se machucaram, assim como dois policiais. O local do tumulto ficou manchado de sangue. E o clássico, um dos maiores do futebol brasileiro, ficou manchado por questões que deixaram o futebol em segundo plano e estragaram o espetáculo.
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