O jamaicano Usain Bolt ultrapassou novamente os limites do homem, estabeleceu o novo recorde mundial dos 100 m e conquistou um grande título que lhe faltava: o Campeonato Mundial de atletismo. Neste domingo, Bolt estabeleceu o novo limite com a marca de 9s58, baixando em 0s11 a marca anterior que havia sido estabelecida há exatamente um ano pelo próprio jamaicano na final olímpica.
O velocista da América Central, de quebra, ainda ganhou mais uma batalha com o norte-americano Tyson Gay, que fora o último campeão mundial em Osaka-2007. O agora ex-campeão teve de se contentar com a medalha de prata com 9s71. O pódio foi completado pelo jamaicano Asafa Powell, com 9s84.
Na semifinal, Bolt já havia dado sinais que poderia derrubar a marca. Com sobras, ele diminuiu a velocidade nos últimos 20 m e, mesmo assim, fez 9s89, a 0s20 do antigo recorde.
Pouco mais de duas horas depois, o jamaicano conseguiu o que todos queriam: vitória com novo recorde mundial. Bolt não largou tão bem, já que foi o terceiro pior em tempo de reação (0s146). Como comparação, o trinitino Richard Thompson, quinto na prova, saiu 0s119 após o tiro de largada ser disparado.
Porém, o jamaicano conseguiu uma reação fantástica já nos primeiros metros e logo assumiu a liderança. Sem problemas, ele admitiu ainda ter olhado para os adversários antes de completar a distância. "Olhei um pouco por cima dos ombros, mas ainda bem que tudo deu certo", disse.
Após a final, ele procurou minimizar um pouco a marca conquistada e disse estar feliz com o triunfo. "Não pensei no que podia fazer, mas que podia ganhar. Sei o quanto a competição é dura e você tem de trabalhar muito para conseguir bater estes caras", comentou.
BOLT: "NÃO ESTOU NO AUGE" |
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O estádio Olímpico vibrou com o recorde mundial imposto pelo jamaicano Usain Bolt, que cravou 9s58 na final dos 100 m rasos. Fora das pistas, muitos perguntavam qual é o limite dele? E o próprio recordista tratou de aumentar a dúvida. "Estou em uma forma muito boa, mas não como estava em Pequim", disse o velocista, referindo-se ao tempo de 9s69 feito há exatamente um ano. |
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BOLT TEM 3 MARCAS SEGUIDAS |
RIVAIS ELOGIAM O CAMPEÃO |
Ele é apenas o segundo a alcançar tal feito em um Mundial. O único que havia conseguido esta dobradinha nos 100 m rasos fora o norte-americano Carl Lewis, que fez 9s86 em Tóquio-1991. Quatro anos antes, o canadense Ben Johnson também bateu o recorde mundial, mas a marca foi anulada com o caso de doping do atleta.
Nas entrevistas seguintes à façanha, Bolt agradeceu ao público presente no estádio de Berlim pela empolgação. "É a melhor plateia do mundo. Vocês são os melhores, especialmente os meus torcedores da Jamaica", celebrou o velocista. Sobre a possibilidade de bater novas marcas ao longo do campeonato, ele foi incrédulo. "Não sei se bato o recorde dos 200 m", disse.
Compatriota e amigo de Bolt, Asafa Powell fez questão de dar a volta olímpica ao lado do vencedor. "Ele corre demais, feito uma bala. Não pensei que ele correria assim tão rápido aqui. É muito bom ver um cara assim ganhar e uma honra correr ao lado dele", resignou-se o jamaicano, que também já foi recordista mundial.
A EVOLUÇÃO DO RECORDE |
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06/07/1912 | Donald Lippincott (EUA) | 10s6 |
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20/06/1968 | Jim Hines (EUA) | 9s9 |
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25/08/1991 | Carl Lewis (EUA) | 9s86 |
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16/06/1999 | Maurice Greene (EUA) | 9s79 |
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14/06/2005 | Asafa Powell (JAM) | 9s77 |
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31/05/2008 | Usain Bolt (JAM) | 9s72 |
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16/08/2008 | Usain Bolt (JAM) | 9s69 |
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16/08/2009 | Usain Bolt (JAM) | 9s58 |
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Agora, Bolt tenta igualar outro feito de Carl Lewis: conquistar três ouro em uma mesma edição do Mundial. Além do ícone norte-americano, o outro atleta que obteve esta tripla conquista em um evento deste porte foi justamente Tyson Gay, derrotado pelo jamaicano neste domingo.
As eliminatórias dos 200 m rasos começam nesta terça-feira, às 5h05 (horário de Brasília), e a prova pode ter um novo encontro entre Gay e Bolt. O revezamento 4 x 100 m rasos só inicia as eliminatórias na sexta-feira.
A vitória ainda estabeleceu outro marco para Bolt e o atletismo jamaicano. Esta foi a primeira medalha de ouro do país em uma prova masculina de velocidade no Mundial. Até então, o único triunfo de um jamaicano fora em Helsinque-1983 com Bert Cameron, nos 400 m rasos, que não é considerada uma prova de velocidade pelos especialistas.
* Atualizada às 18h46