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Três brasileiros em Sochi mal falam português, mas se emocionam pelo país

Bruno Freitas

Do UOL, em Sochi (Rússia)

20/02/2014 06h00

A milhares de quilômetros do Brasil, três dos 13 atletas do país na Olimpíada de inverno celebram na Rússia uma comunhão pessoal com o país que decidiram representar. Eles mal falam português, mas preservam laços às vezes meio tortos com a nação que representam. Em certas ocasiões expressam isso por meio da emoção.

O fato de que quase um quarto da delegação brasileira em Sochi ser composta por atletas que construíram suas vidas no exterior talvez denote a relação do país com os esportes de inverno. As montanhas e pistas de gelo estão longe, e nossa tradição ainda amadurece. Alguns dos talentos precisam ser descobertos e preservados além das fronteiras.

Conheça os atletas do país que mal falam português, mas demonstraram identificação com o país durante a Olimpíada.

MAYA HARRISSON

  • A atleta de 21 anos do esqui alpino cresceu na Suíça. Maya nasceu no Rio de Janeiro, mas foi adotada e deixou o Brasil antes de seu primeiro aniversário. Em Sochi, concedeu entrevistas para a imprensa do país somente em francês e em inglês. Ela entende um pouco de português, mas tem dificuldade para se expressar.

    Perguntada sobre sua frequência de visitas ao Brasil recentemente, respondeu: "estive em São Paulo durante uma semana para testes da confederação. Mas gostaria de ir conhecer o Rio, porque é o lugar onde eu nasci".

    Está em sua segunda Olimpíada. Maya terminou em 55º lugar no slalom gigante do esqui alpino e volta a competir nesta sexta-feira, na prova do slalom. A brasileira teve muitas dificuldades no último ciclo de treinamentos, em razão de problemas no joelho.

JHONATAN LONGHI

  • Assim como Maya, Jhonatan foi adotado ainda criança. O menino nascido em São Paulo cresceu na Itália e aprendeu a esquiar precocemente com cinco anos no Piemonte, região cuja principal cidade é Turim.

    Na última Olimpíada Jhonatan atendeu a imprensa brasileira em inglês. Já em Sochi o atleta conseguiu se comunicar num misto de português e italiano ("na prova fez troppo -muito- calor"). Tudo em razão do convívio com a namorada brasileira. "Ela quer que eu fale português em casa", relata.

    "Eu tentei esquiar com meu máximo, mas eu tenho muito errore (erro). Então eu terminei solamente (só) por meu país", comentou após competir na Rússia.

    De brincadeira, o esquiador mostrou aos brasileiros em Sochi que seu aprendizado na língua caminha bem. Informalmente, principalmente: ele disse que é "muito bom", mas de uma maneira desbocada, como os jovens de sua idade geralmente falam no país. Aos 26 anos, Jhonathan está na Olimpíada de inverno pela segunda vez na carreira. Em Sochi terminou em 58º lugar no slalom gigante. O brasileiro volta a competir no sábado, no slalom.

ISADORA WILLIAMS

  • Filha de mãe brasileira, a mineira Alexa, Isadora fez questão de falar com a imprensa brasileira que está em Sochi em português. A atleta da patinação artística teve aulas intensas durante o último ano e melhorou bastante no idioma, mas ainda fala sem desenvoltura.

    Nascida e criada nos Estados Unidos, Isadora esteve poucas vezes no Brasil. No meio do ano planeja deixar Washington DC para visitar familiares em Minas Gerais.

    "Eu tenho uma pouquinho de... como se fala break? (...) Isso, uma pausa de treinar. Eu quero fazer minha escola, depois ver minha família em Minas Gerais. Quero visitar meus amigos também. Não tenho escola no verão nos Estados Unidos, eu tenho tempo de visitar minha família", declarou a atleta.

    Em Sochi, na estreia do Brasil na patinação artística, Isadora Williams terminou com a 30ª posição. Depois da participação, falou com bastante emoção sobre o desejo de ter oferecido uma performance melhor aos brasileiros.