O enredo da festa do Corinthians pelo título da Série B foi diferente do habitual. A ponto de o termo "festa", curiosamente, não se aplicar a todos os personagens da conquista. Posturas opostas dentro da própria torcida alvinegra, jogadores caindo do alambrado e uma pedra atirada contra o ônibus dos campeões marcaram este sábado em Criciúma.

A vitória corintiana por 2 a 0 no estádio Heriberto Hulse e o empate do Avaí com o CRB por 1 a 1 asseguraram nesta tarde o troféu para o clube do Parque São Jorge. E deram início a uma disputa interna entre os torcedores. Enquanto a principal torcida organizada se recusou a cantar "é campeão" e classificou o feito como obrigação, os demais corintianos presentes no jogo soltaram o tradicional grito.

Alguns jogadores ficaram sem jeito e até demoraram a festejar de maneira mais enfática. "É importante coroar esse trabalho com o título. Temos que festejar, sim. Só quem joga a Série B sabe o quanto é difícil", argumentou o goleiro Felipe.

Mano Menezes também estranhou tal comportamento. Em seu discurso, mediu cada palavra para evitar polêmica, mas mostrou que discordou da conduta dos torcedores que não comemoraram o título.

"O sentimento vai muito do momento. O torcedor da massa não consegue organizar sua reação. É como um jogador comemorando um gol. É bom ter humildade em uma conquista como essa, é assim que você cresce. E existe uma grande confusão entre a vergonha de ser campeão da Série B e a vergonha de ser rebaixado. São coisas bem distintas", disse o treinador.

Quando decidiram soltar o grito de "é campeão", os jogadores o fizeram próximos da "dividida" torcida. Assim como aconteceu na partida do acesso, o alambrado virou palco de festa. Desta vez, contudo, não foram só Felipe e Dentinho que se arriscaram na escalada. Grande parte do elenco subiu na grade para "reger" os torcedores.

E apesar de já ter prática no assunto, Felipe levou a pior. Assim como André Santos, desequilibrou-se e despencou do alambrado, caindo no gramado. O resultado foi um corte na coxa, próximo da virilha. O lateral-esquerdo não se feriu.

Terminada a festa dentro do estádio, os jogadores se dirigiram para o ônibus calmamente. O trajeto só foi difícil nos últimos passos, quando eles encararam dois metros de contato com a torcida entre a porta do Heriberto Hulse e a entrada do ônibus. O veículo, inclusive, também sofreu.

Na chegada ao estádio, o ônibus foi apedrejado, tendo uma das janelas quebradas. E como será responsável por conduzir a delegação até Caxias do Sul, recebeu um remendo emergencial: um saco plástico foi colocado para tampar o buraco. Mas o fato não estragou a festa dos jogadores. Esses, sim, foram unânimes na comemoração.