A notícia do afastamento definitivo de Rebeca Gusmão não surpreendeu suas ex-colegas de piscina, que lamentaram a perda de uma atleta de ponta, mas preferiram, assim como o discurso adotado pela Confederação (CBDA), mirar os bons resultados obtidos nos Jogos Olímpicos.

Entre as nadadoras que tiveram as medalhas cassadas dos revezamentos 4 x 100 m livre e medley nos Jogos Pan-Americanos após a confirmação do doping de Rebeca pela Odepa (Organização Desportiva Pan-Americana), o discurso foi o da superação após a atleta, que à época era dona do melhor tempo do quarteto. Nos Jogos Olímpicos de Pequim, no entanto, os dois novos quartetos melhoraram os tempos.

"A Rebeca não está fazendo a menor falta. E sabe por que? A natação brasileira e a feminina estão atravessando um momento ótimo, nós já melhoramos inclusive o tempo que tínhamos feito, agora sem ela, e é isso o que importa hoje pra nós", afirmou Gabriella Silva, única finalista olímpica em Pequim, nos 100 m borboleta.

"A natação está muito unida e não vai ser a saída de uma nadadora que vai abalar isso", concluiu Gabriella. Os técnicos do Pinheiros instruíram seus atletas a não comentarem sobre o caso, em uma tentativa de manter o foco no lado positivo do atual momento da natação.

No 4 x 100 m livre, o grupo com Michelle Lenhardt no lugar de Rebeca, Tatiana Lemos, Flávia Delaroli e Monique Ferreira bateu o recorde sul-americano com 3min42s85 na China, contra os 3min42s96 que valeu ao Brasil a medalha de prata nos Jogos Pan-Americanos.

Já no 4 x 100 m medley, com Tatiana Lemos no lugar de Rebeca, Fabíola Molina, Tatiane Sakemi e Gabriella, nova marca sul-americana também foi obtida na China: 4min02s61, bem abaixo dos 4min09s27 obtidos no ano passado no Rio.

Fabíola, que nada o estilo costas no revezamento medley, preferiu lamentar pela amiga perdida. "Sinto pela Rebeca além da atleta, mas pela pessoa. Sei que ela sempre dedicou a vida à natação, e deve ser muito difícil perder isso, independentemente do que ocorreu", disse a veterana, que preferiu não julgar a decisão da Fina.

Joanna Maranhão, que também era mais próxima de Rebeca mas não nadava as mesmas provas que a atleta, concordou. "Fico triste por ela, porque sei que ela teria talento para voltar a competir bem se pudesse. É uma grande perda pra ela, porque para um atleta ter que se afastar do esporte que pratica é uma perda muito grande na vida."

Na sexta-feira, a CBDA informou a decisão do Painel de Doping da Fina (Federação Internacional de Natação) de banir Rebeca Gusmão do esporte. A assessoria da nadadora informou que vai recorrer da decisão junto ao CAS (Corte Arbitral do Esporte), em julgamento marcado para outubro.