Quando o francês Alain Bernard quebrou o recorde mundial dos 100 m livre usando o novo maiô da marca italiana Arena, uma polêmica de proporções mundiais chegou ao ápice. Após a avalanche de recordes proporcionada pelo LZR, da Speedo, no ano passado, uma nova geração de supermaiôs voltou a invadir a natação.
A Fina colocou limites nos trajes, mas ainda não anunciou quais são os aprovados para a temporada. Até agora, a estrela do ano é o maiô Jaked, desenvolvido por um italiano, com que, por exemplo, o francês Fred Bousquet quebrou o recorde mundial dos 50 m livre.
Os nadadores brasileiros, que estão reunidos no Rio de Janeiro para o Troféu Maria Lenk já têm opinião formada. Para eles, os trajes vieram para ficar. Mas devem ser mais acessíveis.
"A natação está sofrendo uma revolução que outros esportes, como o tênis (quando os novos materiais de raquete chegaram), já tiveram. Agora é nossa hora. Mas é claro que os maiôs precisam estar acessíveis para todos. Hoje, eles são caros e difíceis de conseguir. Queremos a evolução, mas ela precisa ser para todos, para saber quem é o melhor na água", analisa o campeão olímpico César Cielo, que está nadando no Rio com o X-Glide, que ele e Bernard ajudaram a desenvolver.
Para Henrique Barbosa, grande estrela do primeiro dia da competição ao fazer o terceiro melhor tempo da história nos 200 m peito (2min08s65), a polêmica dos trajes não existe. "É mais um passo na evolução da natação. Quando eu comecei a nadar, todos competiam de sunga. Depois, vieram os novos, como o Aquablade, o Fastskin. E agora, esses. É normal".
"Eu acho que o maiô não faz tanta diferença. O que vale mesmo é o quanto você treinou. Sou a favor da evolução, desde que ninguém seja prejudicado", completa Fernando Silva, que nadou pela primeira vez com o Jaked no Rio de Janeiro.
"A Fina definiu as regras, mas ainda existem muitos buracos. A CBDA fez uma consulta, falou o que era permitido e o que não era, mas ainda assim é uma situação que me preocupa. A chave da discussão é o acesso às novas tecnologias. O atleta tem de ter o material não só para competir, mas também para fazer alguns treinos, para se habituar", opina Fernando Vanzella, técnico do Minas Tênis.
A solução, segundo o treinador, seria ajuda oficial para facilitar a chegada dos supermaiôs. "As instituições poderiam se preocupar com que pelo menos a seleção brasileira tenha acesso ao melhor maiô. Não sei se isso deve ser feito pela CBDA ou pelo COB, mas é algo a ser pensado".
Apesar da defesa dos novos maiôs, eles podem ser banidos. A Fina definiu uma série de regras para os trajes e fez testes com os que pediram homologação. O prazo final para que as fabricantes apresentassem produtos era 31 de março. A lista com os aprovados deve sair em maio.