Quando a primeira bateria da primeira prova do Troféu Maria Lenk começou, na terça-feira, uma dúvida foi desfeita. Os supermaiôs, que nos últimos meses revolucionaram tempos e protagonizaram uma série de quebras de recordes, já chegaram ao país. O Jaked, pivô da polêmica sobre a legalidade dos novos trajes, se não foi maioria, estava bem representado na piscina do parque aquático.
Foi com ele, inclusive, que os três recordes sul-americanos do dia foram quebrados. Nos 200 peito, Henrique Barbosa, com 2min08s65, fez o terceiro melhor tempo da história, batendo recorde que Tales Cerdeira, uma bateria antes, já quebrara, com 2min09s31.O terceiro recorde foi de Tatiana Sakemi, também nos 200 m peito, mas feminino, com 2min29s46.
O cenário é bem diferente do que a natação brasileira enfrentou na preparação para os Jogos Olímpicos de Pequim. Na China, os brasileiros só tiveram acesso ao LZR, considerado o melhor dos maiôs na época, na véspera da competição. Desta vez, os nadadores fizeram o possível para que isso não acontecesse - mesmo que o possível significasse gastar US$ 550 para comprá-lo.
Fernando Silva, por exemplo, aproveitou uma competição na Holanda para conseguir o seu Jaked dourado, que estreou com índice para os 50 m livre. "Fui cara de pau mesmo. Vi o representante do Jaked e falei que tinha uma seletiva nacional e ele me deu um. Mas errei na estratégia. Deixei para usar só na prova e não deu certo. Errei algumas coisas".
Henrique Barbosa não teve de ser ousado. Treinando na França, ele teve acesso facilitado ao traje. "Lá, o que eles querem é que você use mesmo. Mas na França, as maiores marcas, a Arena, a Speedo e a TYR, estão tentando bloquear o Jaked. No Campeonato Francês, em que eu consegui os dois maiôs que estou usando, o representante da Jaked disse que se sentiu intimidado", conta.
No Minas Tênis, o segundo clube com mais atletas inscritos na competição, a solução foi arrumar um fornecedor local. "Fomos a uma competição na Argentina e lá encontramos o representante da Jaked. Foi por ele que conseguimos os trajes. Mas cada nadador teve de comprar o seu", afirma o técnico do clube, Fernando Vanzella.
César Cielo usou o novo X-Glide, maiô da Arena que está sendo testado por ele e Alain Bernard, criado com o mesmo material do Jaked. O campeão olímpico brasileiro, porém, teve problemas para vestir e acabou rasgando o traje. "Nas finais, vou usar o antigo mesmo, com as placas", disse o atleta.