"Eu só lamento não ter tido a chance de nadar com esses novos trajes". A frase é de Djan Madruga, que até a manhã deste sábado era o dono do mais antigo recorde do esporte olímpico brasileiro. Seu tempo nos 800 m livre, que está fora do programa olímpico, mas segue sendo disputado em Campeonatos Mundiais, 7min59s85, é de 1980, ano em que o hoje dirigente do Ministério do Esporte foi medalhista nos Jogos de Moscou.
MADRUGA OFERECE US$ 5 MIL POR RECORDE DE SUNGA |
---|
Logo após ter seu recorde de 29 anos quebrado neste sábado, Djan Madruga fez um desafio: "Quero ver alguém bater essa marca de sunga", afirmou o medalhista olímpico. Para aumentar ainda mais a motivação dos atletas, colocou um prêmio em dinheiro na balança.
"Quem bater, ganha US$ 5 mil no primeiro ano. Se ninguém bater, a quantia vai crescendo US$ 1 mil por ano". |
---|
|
FRANÇA VENCE; SEM RECORDE |
FOTOS DO DIA NA COMPETIÇÃO |
Durante as finais desta manhã, porém, a marca caiu. Luiz Arapiraca venceu o Troféu Maria Lenk, última seletiva da natação brasileira para o mundial de Roma com 7min58s20. O novo recordista vestia um dos supermaiôs do momento, o Jaked, reponsável pela chuva de quebras de recordes nesta temporada.
"Estava focado em ser o melhor nas duas provas. Muitos não acreditavam que fosse possível, mas mostrei que era", reforçou Arapiraca, que aproveitou o feito para pedir mais calma para cobrar resultados dos atletas brasileiros de fundo. "Sabemos que as provas de fundo estão mais devagar no Brasil, mas é preciso ter mais paciência. O Brasil tem muitos velocistas e estamos lutando para colocar as provas de fundo no mesmo nível", encerrou.
Sem o seu recorde, Madruga se disse aliviado após o fim da prova. "Todos os anos venho para o Campeonato Brasileiro com a mesma expectativa, que alguém quebre o meu recorde. Fico aliviado por isso ter acontecido", destacou o ex-nadador, que teve a expectativa de perder a sua marca de quase três décadas confirmada.
No tempo de Madruga, os trajes eram bem diferentes. "Naquela época, eu nadava quase nu, só com uma sunga", relembra o nadador. Desde então, só um brasileiro tinha chegado perto da marca: Luiz Lima, em 1998, com 8min01s00. "Eu fiz esse tempo de sunga, como o Djan", diz Lima. "Se tivesse com um maiô como os de hoje, certamente teria batido o recorde. É matemático. A cada 200 m o nadador ganha um segundo. O Djan, então, teria feito 7min54 se tivesse vestindo um deles", completa.
A quebra do recorde desta sábado tem, como impulso, os benefícios dos supermaiôs, que desde o ano passado invadiram as piscinas. O primeiro deles foi o LZR, da Speedo, responsável por mais de 100 quebras de recordes em 2008. Nova vedete, o Jaked usa ao limite as brechas em permeabilidade e flutuabilidade nas regras da Federação Internacional de Natação (Fina).
"A natação está evoluindo e essas novas tecnologias abrem muitas possibilidades. Estamos entrando na era tecnológica, que outros esportes já passaram. Quando eu cheguei ao triatlo, percebi o quanto a tecnologia era importante, com o traje, a bicicleta, o tênis. A natação não tinha nada disso e agora tem", analisa Djan. "Eu tive a oportunidade de nadar com um fastskin (a antiga geração dos trajes) em um mundial máster e já pude sentir a diferença. Imagine com um destes", completa.
Segundo o ex-recordista, o que explica, também, a longevidade do recorde é a grande barreira psicológica que os oito minutos representam. "É um número redondo, uma barreira mesmo. Os 800 m são uma prova dura, pois o treinamento é diferente dos 400 m e dos 1500 m. Na minha época, só dois atletas faziam isso, eu e o (russo Vladmir) Salnikov", relembra.
* Atualizada às 12h42