As expectativas para a final dos 50 m peito, em parte, não se confirmaram na manhã deste sábado no Troféu Maria Lenk. Após quebrar o recorde mundial nas eliminatórias, usando o supermaiô Jaked e com o tempo 26s89, Felipe França confirmou o ouro na prova. No entanto, o atleta do Pinheiros não repetiu o mesmo ritmo e fechou a prova com 27s25.
Com o resultado, Felipe França está classificado para o Mundial de Roma, competição em que já é apontado como favorito. O outro classificado ao torneio na Itália é João Luiz Júnior, que fechou a prova com 27s39. Na prova feminina, Tatiane Sakemi faturou o ouro ao completar a prova em 31s29.
Após a prova, França admitiu que o objetivo não era baixar o recorde obtido na sexta-feira, mas sim conquistar a medalha de ouro. "A intenção era conquistar a medalha de ouro. Caso conseguisse melhorar o tempo, seria ótimo, mas uma grande surpresa", destacou o atleta, que comentou a mudança de 'status' após conquistar quebrar o recorde mundial dos 50 metros peito e obter um feito inédito no Troféu Maria Lenk.
"Ontem à noite cheguei ao hotel e entrei na internet e estava na capa de vários deles. Estava nervoso, mas consegui dormir bem. Agora vou ao Mundial como favorito, mas só vou saber como é a sensação quando eu chegar lá", encerrou o nadador, que superou o recorde de 27s06 e pertencia ao sul-africano Cameron Van Der Burgh desde o dia 18 de abril.
França representou o Brasil nos Jogos de Pequim, e ficou em 22º lugar nos 100 m peito. A prova dos 50 m peito não é disputada em Jogos Olímpicos. A presença nos Jogos, inclusive, foi apontada como diferencial por Felipe para a conquista do recorde no Rio de Janeiro.
O último recorde mundial da natação brasileira em piscina longa foi obtido em 1982 por Ricardo Prado, em Guayaquil, no Equador, na prova dos 400 m medley. França, de 22 anos, nasceu cinco anos depois do feito de Prado.
Aos 21 anos, Felipe França bateu o primeiro recorde mundial da história do Parque Aquático Maria Lenk. Coincidentemente, a matriarca da natação brasileira foi também a primeira recordista mundial do Brasil. Em 1939, Maria Lenk bateu o recorde dos 400 m peito (6min15s80). Um mês depois, baixou o tempo dos 200 m peito (2min56s90). Desde então, foram outras dez marcas mundiais brasileiras, em piscina longa e curta.
O segundo recordista brasileiro foi Manoel dos Santos, nos 100 m livre (53s6), em 1961. O terceiro foi José Fiolo, mais uma vez no nado peito, agora nos 100 m, com 1min06s4 de 1968. O último recordista, antes de França, e o primeiro a não conseguir a marca no Brasil, foi Ricardo Prado, nos 400 m medley. Há 26 anos, Prado marcou 4min19s78 no Mundial de Guaiquil, no Equador.
As outras seis marcas são em piscina curta (25 m). Em 1993, Gustavo Borges bateu o recorde mundial dos 100 m livre, com 47s94. Uma semana depois, ao lado de Fernando Scherer, então com 18 anos, João Carlos Júnior e Teófilo Ferreira, Borges liderou o time brasileiro do revezamento 4x100 m livre que virou o mais rápido do mundo, com 3min13s97. O revezamento do Brasil quebrou mais uma vez a marca em dezembro do mesmo ano (3min12s11) e outra, em 1998 (3min10s45).
Os dois últimos recordes mundiais brasileiros são da nova geração. Kaio Márcio quebrou a marca dos 50m borboleta em 2005, com 22s60. Em 2007, depois de ser o grande destaque do Pan-Americano do Rio, Thiago Pereira bateu a marca dos 200 m medley, com 1min53s14.