No último ano, o nadador brasileiro Thiago Pereira foi ofuscado pelas conquistas de dois compatriotas: César Cielo, com seu ouro olímpico, e Felipe França, com seu recorde ainda não homologado nos 50 m peito. No entanto, o Mundial de Roma está próximo e a competição dará uma nova chance ao carioca, hoje mais experiente e com uma novidade: 5 kg a menos no peso.

Para isso, a preparação foi reforçada na fase anterior ao Aberto de Paris, que tem início nesta sexta-feira. Junto aos companheiros do Minas Tênis Clube, ele partiu para uma fase de treinamentos na altitude da cidade espanhola de Sierra Nevada, situada a 2.320 m.

A delegação mineira passou três semanas na Espanha e aproveitou a boa estrutura do local para incrementar seus treinos. Apesar do frio de 10º C, uma piscina coberta facilitou a preparação, que foi das mais puxadas.

"Neste período em Sierra Nevada treinei muito", contou Thiago, em seu blog. "Só para se ter uma ideia de quanto venho me dedicando, nestes 21 dias nadei 168 km em 34 treinos na piscina, o que dá uma média de 8 km por dia."

A fase de treinos contou não só com os exercícios na piscina, mas também atividades físicas fora dela. O trabalho gerou uma grande perda de peso pelo carioca. "Todo esse ritmo de trabalho, combinado com uma boa alimentação e descanso fizeram com que eu ganhasse massa magra e perdesse gordura. Assim, desde que eu sai do Brasil, perdi nada menos que 5 kg", explicou ele, que nadará no Aberto de Paris os 200 e 400 medley e os 200 livre.

Para seu técnico Fernando Vanzella, a bagagem trazida pelo nadador em suas últimas competições pode fazer a diferença em Paris, rumo ao Mundial. "Hoje o Thiago tem uma grande experiência internacional e sem duvida é um ponto positivo para ajudá-lo na busca de um resultado expressivo", analisou Vanzella, para o UOL Esporte.

Segundo o treinador, o mais importante no momento é detectar quais apectos podem ser melhorados na reta final para o Mundial. Até por isso, a esperança é de que o brasileiro possa competir com rivais de peso na França, para testar ao máximo sua performance pelo lado físico e emocional.

Tecnologia
A passagem por Sierra Nevada, uma cidade conhecida pela presença de esquiadores, mas tranquila após o fim da temporada de inverno, também deu oportunidade ao técnico de estudar detalhadamente o nado de seu pupilo. Thiago Pereira passou por um trabalho longo de biomecânica.

"Este ano utilizamos um velocímetro e filmagens subaquáticas, o que facilita a análise do nado e as correções em sua técnica", explicou Vanzella, que desde 2004 realiza trabalhos deste tipo com os brasileiros, tendo como exemplos a preparação de nadadores como Michael Phelps.