O cirurgião Eric Rolland, que operou o atacante brasileiro Ronaldo em Paris há dois dias, afirma que "tudo foi feito para que ele possa voltar a jogar futebol, se quiser".
"Mas é preciso passar por todas as etapas habituais da recuperação para poder fazer uma previsão definitiva", adverte o cirurgião, para quem "a motivação" será o elemento determinante da volta ou não do "Fenômeno" ao futebol, segundo disse hoje aos jornais "L'Équipe" e "Le Parisien".
Na quinta-feira, Ronaldo foi operado de uma ruptura total do tendão patelar do joelho esquerdo no hospital Pitié-Salpétrière, em Paris, onde há oito anos tinha passado por um problema semelhante no joelho direito.
O jogador ficará em repouso durante todo o fim de semana, para se recuperar da anestesia geral e do pós-operatório, mas já iniciou "pequenos exercícios de motricidade para dobrar progressivamente o joelho", disse o médico.
Após afirmar que Ronaldo "já passou por este processo", Rolland questionou se o jogador, de 31 anos, terá "vontade e motivação para se submeter de novo a um programa semelhante".
"O que ele privilegiará? Quais são seus objetivos? É cedo demais para dizer", disse.
Segundo o cirurgião, para voltar a jogar, Ronaldo precisará de muita energia, devido ao tempo e ao esforço exigidos.
"Há oito anos, as condições eram outras. Agora ele não tem que provar mais nada. A motivação será o elemento determinante", ressalta.
No plano médico, será preciso ver com que ritmo Ronaldo se recuperará do "choque" operatório, diz o cirurgião. A evolução durante a semana permitirá ter informações mais precisas, acrescenta.
Depois, podem ser fixados períodos de 45 dias, três meses e seis meses. Se tiver paciência em cada uma dessas etapas e "se estabelecer um objetivo, tudo é possível", diz Rolland, perguntado sobre se Ronaldo poderá voltar ao futebol profissional.
Ronaldo ficará hospitalizado até o fim da próxima semana para aguardar a cicatrização, e em dez dias poderão ser estudados os tipos de reabilitação, que deverá ser tão longa quanto em 2000: o jogador não poderá correr antes de seis meses nem estar em condições "razoáveis" de treino antes de nove meses, disse o cirurgião.
O jogador, que antes de tudo queria o alívio para a dor, e por isso preferiu que a operação acontecesse rapidamente após a lesão, "não parecia abatido", diz Rolland, ao afirmar que Ronaldo "não fala muito. Se comunica principalmente com o olhar".