Aos oito anos, Bia Figueiredo dividia o kart com aulas de balé, e começou a carreira de piloto profissional aos 15 anos. Acumulou bons resultados na Fórmula Renault e na Fórmula 3 Sul-Americana antes de fazer história na Indy Lights ao se tornar a primeira mulher a vencer uma corrida na categoria. Mas ela confessa que o caminho não foi fácil - especialmente no Brasil, onde as mulheres não são tão bem recebidas nas pistas quanto nos Estados Unidos.
"O apoio aqui [nos EUA] é maior, não só dos fãs, mas dos patrocinadores. A oportunidade que eu tive no Brasil foi única, e aqui as chances são mais freqüentes para as mulheres", explica. Nos Estados Unidos, tanto a Indy Lights quanto a categoria principal contam com três mulheres no grid, sendo Danica Patrick a mais conhecida e badalada por ter sido a primeira mulher a vencer na Fórmula Indy.
Bia conta que sua trajetória no Brasil foi mais complicada do que nos Estados Unidos, e também cita as dificuldades do período em que esteve na Inglaterra pleiteando uma vaga na Fórmula 3 inglesa. "O brasileiro ainda tem a cabeça mais parecida com a do europeu, fechada, que não aceita tanto as mulheres em todos os lugares. Até acho que melhorou muito, mas foi difícil pra caramba, porque, no fundo, os meninos ainda ficam loucos com isso", comenta.
Já nos Estados Unidos, o fato de se mulher é um bônus de popularidade para as pilotos. "Mas isso é momentâneo, porque a partir do momento em que as mulheres começarem a vencer mais vezes, vai virar normal", emenda Bia. Mas ela acredita que nem por isso é mais fácil de se conseguir patrocínio. "Só facilita se tiver resultado", analisa.
Já no Brasil, onde a barreira é maior, o sucesso das mulheres em lugares onde a presença delas não é tão comum assim pode ser bem favorecido com iniciativas parecidas com a da própria Danica Patrick, que recentemente posou de biquíni em poses sensuais para a revista
Sports Illustrated. Mas Bia ainda não cogita essa possibilidade.
"Em primeiro lugar, as fotos ficaram lindas, eu olhei e disse 'nossa, é a Danica'! Ficar de biquíni é até normal para mim, mas não sei se me colocaria nessa posição, porque não me sentiria confortável", afirma Bia, sem descartar totalmente a hipótese: "Isso trouxe muita mídia para a Danica e para a Indy, e por esse lado foi muito legal. Mesmo assim, seria bem estranho para mim. Se tiver uma proposta, vou conversar com os meus empresários e decidir o que fazer".