A jogada se repetiu centenas de vezes no Campeonato Mundial masculino de vôlei. Mesmo com o passe estourado, o levantador Ricardinho acelera a bola para a ponta ou para o meio da rede. Com pouco tempo de reação, o bloqueio adversário não consegue se armar. E o ataque brasileiro, na maioria das vezes com Giba, coloca a bola no chão.
A bola rápida, ou "chutadinha" na nomenclatura do vôlei, foi a grande arma de ataque do país na conquista do bicampeonato mundial, neste domingo, no Japão, com a vitória sobre a Polônia na decisão em Tóquio.
"É a característica do Ricardo e dos nossos atacantes. A gente ganhou nestes últimos anos jogando assim", afirmou o ponteiro Giba, que cansou de marcar pontos desta forma no Mundial.
"Tento aliar as características positivas de cada jogador ao potencial da equipe e o Ricardo é assim, ele sempre foi um jogador rápido, que faz malabarismo com a bola", completa o técnico Bernardinho.
Mas o lance que mais ilustra a velocidade imprimida pelo Brasil no campeonato foi protagonizado por André Nascimento. Na semifinal contra a Sérvia e Montenegro, o oposto recebeu uma bola de costas de Ricardinho, arremessada atrás da linha de saque. Próximo à rede, e sem bloqueio, o jogador marcou o ponto.
Time com características técnicas, o Brasil se especializou nas jogadas rápidas justamente para poder competir com as equipes de força, como a vice-campeã Polônia e terceira colocada Bulgária.
"Não somos a equipe mais alta do voleibol mundial, por isso temos que compensar através de outros diferenciais, como a velocidade e a regularidade", explicou Bernardinho.
E a tática deu resultado. O Brasil venceu todos os adversários de força no Mundial. A única derrota da seleção na campanha do bicampeonato foi para a França, uma seleção com características mais técnicas.