Com uma exibição histórica, o Brasil ratificou a condição de maior potência da atualidade no vôlei masculino. Neste domingo, a equipe conquistou o bicampeonato mundial ao arrasar a Polônia na final por 3 sets a 0, com parciais de 25-12, 25-22 e 25-17, em apenas uma hora e 16 minutos, em Tóquio.
O resultado torna o Brasil o terceiro país a ganhar na seqüência três títulos dos dois mais importantes torneios do vôlei: a Olimpíada e o Mundial.
Apenas a União Soviética, nos Mundiais de 1978 e 1982 e na Olimpíada de 1980, e os Estados Unidos, nos Jogos Olímpicos de 1984 e 1988 e no Mundial de 1986, conseguiram tal feito.
Entretanto, norte-americanos e soviéticos tiveram o trabalho facilitado pelos boicotes que os dois países fizeram nas Olimpíadas realizadas em campos rivais (os Estados Unidos não foram aos Jogos de Moscou-80, e os soviéticos deram o troco em Los Angeles-84).
E a partida contra a Polônia neste domingo mostrou porque a seleção tem dominado o cenário internacional nos últimos anos. O time defendeu bem o forte saque adversário, variou bastante as jogadas e atacou com qualidade. Resumindo, não deu chances para os poloneses.
Time pouco acostumado a decisões, a Polônia sentiu a pressão da final. Já o Brasil, que nos últimos cinco anos -desde que Bernardinho assumiu- ganhou 15 títulos em 19 campeonatos, sentiu-se em casa, ainda mais com o apoio maciço da torcida, que lotou o ginásio Yoyogi National Stadium, em Tóquio.
"Entramos no aquecimento muito preparados, sabendo o que queríamos no campeonato. E realmente o jogo foi maravilhoso, mostrou a força do Brasil", disse o capitão Ricardinho após a partida.
O Brasil começou o jogo com todos os seus titulares: os pontas Dante e Giba, os centrais Gustavo e André Heller, o oposto André Nascimento, o levantador Ricardinho e o líbero Escadinha. E eles não demoraram nem um pouco para mostrar qual é o melhor time do mundo.
De forma arrasadora, o Brasil logo abriu 10-2 de vantagem, com um ataque de ponta de Giba. Depois, em uma bola de meio de André Heller, a seleção fez 13-5 e obrigou o técnico da Polônia, o argentino Raúl Lozada, a gastar o seu segundo tempo no jogo.
A parada não serviu para a Polônia reagir. E o Brasil, abrindo vantagem, forçou muitos erros do adversário. E foi em uma dessas falhas que a seleção fechou o set, por 25-12, em um saque que ficou na rede.
Na segunda parcial, com um novo líbero (Michal Bakiewicz entrou no lugar do machucado Piotr Gacek), a Polônia enfim conseguiu jogar, equilibrando a decisão.
O set começou com um lance curioso. Logo no terceiro ponto, após realizar um bloqueio, Giba perdeu a lente de contato. Uma nova lente foi providenciada pela comissão técnica brasileira.
Em quadra, a seleção passou quase o set inteiro atrás da Polônia. O saque dos europeus entrou um pouco mais forte, propiciando os primeiros pontos dos rivais no bloqueio.
Uma invasão de ataque de André Nascimento fez com que a Polônia chegasse a um perigoso placar de 20-18. Mas o Brasil usou sua experiência para se recuperar na parcial e chegar ao empate em 20-20 com um bloqueio de André Heller.
Melhor psicologicamente, o time contou com dois pontos de André Nascimento para chegar ao set point. E fechou a parcial com Dante explorando o bloqueio, após um levantamento em uma defesa de Ricardinho.
No terceiro set, mais cansadas, as duas equipes passaram a errar bastante. E se revezaram na liderança do marcador até o primeiro tempo técnico.
Depois, assim como aconteceu no começo do jogo, só deu Brasil. Um ataque de meio de André Heller levou a diferença para quatro pontos (11-7). No tempo técnico, a vantagem já tinha subido para seis pontos (16-10).
A seleção continuou mandando em quadra, e finalmente fechou a partida em 25-17, com André Heller.
"Não é mais um, é o titulo mundial. Tivemos que superar muitos problemas, como a falta de treinamento adequado. O time está de parabéns por fechar esse jogo do jeito que foi, por ter feito uma grande partida do começo ao fim", comemorou o meio-de-rede Gustavo.