Encarregado de montar um elenco para a nova equipe do Sesi-SP em apenas 12 dias, o técnico Giovane Gávio precisou usar muito poder de persuasão para manter atletas que pertenciam à extinta Tigre/Unisul/Joinville e trazer jogadores de outros times. Em geral, o mineiro atingiu seu intento, formando um grupo competitivo com 13 nomes. Na hora de buscar estrelas, porém, o projeto do clube paulista não foi motivação suficiente.
Principal nome que vazou na imprensa, o oposto André Nascimento, que não renovou com o Vivo/Minas, foi realmente procurado por Giovane. A quantia pedida pelo campeão olímpico, porém, desagradou o time paulista. "O André pediu um valor muito alto, e não deu certo. Além disso, a gente levou em consideração a forte relação que temos com o Anderson", explicou o treinador, lembrando que o veterano de 35 anos já estava contratado e tinha titularidade praticamente assegurada na saída de rede.
Outro fator que desapontou o técnico foi o fato de André ter sido oferecido a outros clubes. "Quando os procuradores enxergam uma oportunidade de ganhar mais dinheiro, eles buscam isso, e eu não concordo com essa postura", afirmou Giovane. "Quase a totalidade dos jogadores não está aqui só pelo dinheiro. Evitamos disputar jogadores que estavam em leilão no mercado".
Além do canhoto, o técnico foi buscar jogadores de alto nível que atuam fora do Brasil e já demonstraram interesse em retornar ao país. Acabou esbarrando, no entanto, nas altas cifras pagas aos atletas no exterior.
"Houve uma tentativa com o Dante [atualmente no Dínamo, da Rússia], mas o salário dele estava fora dos nossos padrões. Com o Rodrigão [Macerata, da Itália] foi a mesma coisa. Pensamos no Sidão [Modena, da Itália] também, mas ele tinha dois anos de contrato", detalhou Giovane.
Sem os 'medalhões' de alto custo, o técnico acabou repatriando o ponteiro Chupita, que saiu do Brasil muito jovem e retorna agora, aos 24 anos, após quatro temporadas no italiano Modena e outras duas no japonês Panasonic.
O objetivo do atacante, porém, é claro: retornar à seleção brasileira, da qual já fez parte em convocações para o time B. "Não vim buscar o salário do exterior. Vim buscar vaga na seleção", justifica Chupita, que receberá um salário inferior ao que tinha no Japão. "Quando eu saí do Brasil, todo mundo dizia para eu não ir, porque era muito novo e poderia me frustrar. Mas eu fui, e foi muito satisfatório. Agora, estou voltando com uma bagagem muito maior".