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Pressão pública e notícias vazadas: O novo round de Grêmio x River

"Caso Gallardo" terá definição até a manhã deste sábado e Grêmio aguarda  - ALEJANDRO PAGNI / AFP
'Caso Gallardo' terá definição até a manhã deste sábado e Grêmio aguarda Imagem: ALEJANDRO PAGNI / AFP

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

02/11/2018 21h21

Grêmio e River Plate se enfrentaram na terça-feira, na Arena. Mas o duelo entre argentinos e brasileiros por uma vaga na final da Libertadores teve novo round em Luque, no Paraguai, nesta sexta (02). Com pressão pública e notícias vazadas, cada centímetro mais próximo da final com o Boca Juniors foi disputado como se fosse no campo de jogo.

Tudo começou ainda na quinta-feira. O River Plate, temendo sanção da Conmebol pelo descumprimento da suspensão do técnico Marcelo Gallardo, enviou um representante à entidade para procurar entender o procedimento instaurado a partir da notificação do delegado da partida e do protesto formal do Grêmio, na quarta. Ali, os advogados argentinos conversaram com dirigentes da entidade e resolveram não permanecer para a sessão da Comissão Disciplinar, que inicialmente estava marcada para sábado.

Percebendo o anseio das duas torcidas e de olho na sequência da Libertadores, seja com River ou Grêmio na final, a Conmebol atropelou os procedimentos e por volta das 20h (de Brasília) disparou um e-mail para o Grêmio informando que a sessão de apresentação de defesas seria antecipada. Em vez de sábado à tarde, ocorreria sexta-feira pela manhã.

Caiu como uma bomba na cúpula gremista a antecipação. Antes contratando um advogado uruguaio e programando a presença de testemunhas em seu favor, os gremistas precisaram correr para estar presentes. O clube fretou voo, os advogados passaram a madrugada inteira trabalhando e preparando a viagem e, sem um minuto sequer de sono, partiram antes mesmo do raiar do dia com a cidade paraguaia como destino.

Deu tempo, a comitiva de quatro advogados do clube: Nestor Hein, Leonardo Lamachia, Jorge Petersen e Henrique Soares, e o CEO Carlos Amodeo, além do uruguaio Fernando Sosa, representaram o clube azul, branco e preto. Menos de uma hora antes do início do encontro, eles chegaram à sede da Conmebol.

Por lá nenhum advogado do River. O clube argentino optou por se manifestar através de videoconferência. Dos três julgadores, apenas o presidente da Comissão estava presente. Eduardo Gross Brown, paraguaio. A venezuelana Amarilis Belisario e o chileno Cristóbal Valdéz, que completam o time, também acompanharam por videoconferência.

E após o encontro é que as batalhas de bastidor se intensificaram. O Grêmio, por lá, utilizou seu tempo de manifestação para repetir o que havia dito no Brasil. Que a atitude do técnico Marcelo Gallardo, que infringiu uma série de regras e descumpriu sua pena imposta pela mesma Conmebol, agiu de forma premeditada pelo clube, em tom de deboche, desafiando a entidade.

Ao mesmo tempo, em entrevista coletiva que concedia na Argentina, Gallardo se desculpou novamente e, na visão do Grêmio com objetivo de atenuar sua culpa, admitiu o erro justificando seus atos com 'impulso'.

O River não rebateu a gravidade das acusações. Mas tão logo o encontro terminou, municiou a imprensa argentina de informações definitivas. Vazou, primeiro, que a decisão já estava tomada e que seria o time vermelho e branco a decidir com Boca. Em seguida, também através do River, um documento sobre a confirmação da arbitragem foi entregue à imprensa argentina, vazou e a Conmebol precisou agir rapidamente para corrigi-lo.

Percebendo os movimentos do clube, o Grêmio novamente entrou em contato com a Conmebol. Informou aos julgadores que o clube argentino havia vazado informações inverídicas. Mostrou-se preocupado com o que considerou 'desrespeito' à entidade. Na visão brasileira, o River teve uma série de condutas que visam aumentar a pressão pública sobre a Conmebol para que se decida em seu favor, contemplando os anseios argentinos de uma final com o maior clássico do país. 

No fim da tarde, os gremistas voltaram ao Brasil. Fernando Sosa foi o único a permanecer no Paraguai esperando o resultado do julgamento. Cansados, mas com sentimento de dever cumprido, os advogados repetiam que haviam feito todo o possível para reverter o placar de 2 a 1 na semifinal para 3 a 0 e colocar o time gaúcho na decisão.

Já era início da noite quando a Conmebol entrou em contato com o Grêmio e informou que o resultado do julgamento seria conhecido até sábado às 12h (de Brasília). Ampliando a tensão dos torcedores e do clube, que ainda acreditam na reversão e na vaga, mas precisarão esperar mais um dia, para o bem ou  mal, e um round decisivo no confronto com o River Plate.