![]() Depois de muito tempo sem ser prioridade, o clássico do Estadual volta a pesar |
Eliminados precocemente da Libertadores, Inter e Grêmio jogam o semestre nas finais do Campeonato Gaúcho. Os Gre-Nais marcados para este e o próximo domingo, irão definir quem terá, pelo menos, um título a comemorar nos primeiros campeonatos da temporada 2011. Priorizar a disputa regional não é algo comum para os dois maiores clubes do Estado. Desde 1999 um Gre-Nal não tinha tal importância. Portanto, depois de 12 anos sendo desprezado por azuis, vermelhos ou por ambos, o duelo volta a ter grande relevância. Para que se tenha ideia de quanto tempo faz, o jogo decisivo de 1999 ficou conhecido pela série de dribles que Ronaldinho Gaúcho, então iniciante, deu em Dunga, ex-capitão da seleção brasileira.
Ronaldinho Gaúcho sempre brilhou em Gre-Nais e imortalizou o jogo de 1999 ao aplicar uma série de belos dribles em Dunga, que havia sido capitão da seleção brasileira na Copa do Mundo um ano antes
Não era a ideia de Internacional e Grêmio dar relevância ao jogo. No entanto, a derrota do time colorado em casa por 2 a 1 para o Peñarol e o novo revés da equipe tricolor, no Chile, contra o Universidad Católica, definiu a saída inesperada de ambos da Libertadores. Nenhum clube gaúcho conquistou o sonhado tricampeonato, e restou valorizar o torneio interno.
A força que ganhou os embates dos próximos domingos contraria o feito durante o Gauchão. O Inter, por exemplo, começou o torneio com a equipe B, e não foram poucas as vezes que o Grêmio utilizou reservas. Portanto, nenhum dos dois esperava precisar do título menor para salvar o início de ano.
No discurso, os dois clubes foram iguais. Sempre que perguntados, cartolas referiam que o mais importante era o título da Libertadores. Agora, como ambos estão alijados da possibilidade de disputar a taça maior, o desvalorizado Gauchão volta a ser considerado válido.
Não é novidade o que ocorreu em 2011. Há 12 anos a desvalorização do Campeonato Gaúcho se repete. Em 2010, o Inter poupou titulares várias vezes em função da Libertadores, e o Grêmio também o fez em função da Copa do Brasil. No fim, dois Gre-Nais decidiram o torneio, mas valendo somente ao Grêmio que, eliminado para o Santos na semifinal da Copa, buscava reabilitação. O Inter, que seguiu na competição continental, pouca importância deu aos jogos que deram o título aos time tricolor.
Ano | Quem não queria | Razão |
2000 | Não houve Gre-Nal | Inter não chegou |
2001 | Não houve Gre-Nal | Inter não chegou |
2002 | Não houve Gre-Nal | Grêmio não chegou |
2003 | Não houve Gre-Nal | Grêmio não chegou |
2004 | Não houve Gre-Nal | Grêmio não chegou |
2005 | Não houve Gre-Nal | Grêmio não chegou |
2006 | Inter | Libertadores |
2007 | Ambos | Libertadores |
2008 | Não houve Gre-Nal | Grêmio não chegou |
2009 | Grêmio | Libertadores |
2010 | Inter | Libertadores |
No ano anterior, 2009, foi a vez do Grêmio priorizar a Libertadores e cair na competição regional antes mesmo da final. O Inter, mesmo envolvido na Copa do Brasil, foi campeão ao golear o Juventude no Beira-Rio e conquistar os dois turnos.
2008 poderia apresentar dois clássicos como prioridade. Isto porque o Inter havia sido eliminado da Copa do Brasil pelo Sport e o Grêmio saíra antes no duelo com Atlético-GO. Porém, o Juventude cruzou o caminho gremista, que ficou fora da final. Em 2007 ambos disputaram a Libertadores, e o Inter não passou da primeira fase do Estadual, eliminado pelo Veranópolis. Em 2006 dois clássicos definiram o certame, mas com o Inter dividindo atenções com a Libertadores, que foi posteriormente conquistada. Entre 2005 e 2002 o Grêmio viveu anos complicados e não chegou na final do Gauchão. 2001 e 2000 foram as vezes em que o Inter não chegou.
Até que finalmente a contagem regressiva de Estaduais do Rio Grande do Sul chega em 1999. Neste ano, Inter e Grêmio estiveram envolvidos na Copa do Brasil. Porém, os azuis saíram da competição nas oitavas de final, eliminados pelo Flamengo. Já o Inter caiu pelas mãos do Juventude - que acabou ficando com o título. O jogo derradeiro na competição nacional ocorreu em 4 de junho. A decisão do Gauchão, em Gre-Nal, ocorreu 15 dias depois.
Tempo suficiente para tornar prioridade o encontro entre os maiores clubes do Estado. Em três jogos, o Grêmio de Ronaldinho Gaúcho e companhia venceu o Inter cujos destaques eram o centroavante Christian e o volante Dunga: 1 a 0 para o Inter no Beira-Rio, 2 a 0 para o Grêmio no Olímpico, e 1 a 0 para o Grêmio no Beira-Rio novamente.
Ronaldinho Gaúcho, artilheiro do certame daquele ano com 15 gols, imortalizou a última partida contra o Internacional. Até hoje na memória dos gremistas, o duelo foi marcado por uma série de dribles desconcertantes aplicados pelo meia em Dunga, que defendia o Internacional. O volante havia acabado de ser capitão da seleção brasileira na Copa do Mundo de 1998, na qual o Brasil foi finalista, perdendo para a França.
Muito mudou de lá para cá. O Grêmio somou títulos da Copa do Brasil, caiu para Série B e conseguiu subir na Batalha dos Aflitos. Já o Inter conquistou duas Libertadores e um Mundial. Nesta época, nenhum dos dois tinha o tamanho que tem hoje. O Inter não chegava perto de ter 100 mil sócios, nem o Grêmio imaginava em iniciar a construção de um estádio moderno como a Arena.
Depois de 12 anos, as forças antagônicas de Porto Alegre voltam a entrar com tudo no jogo. O primeiro encontro está marcado para domingo às 16h, no estádio Beira-Rio. A grande dúvida é ver quanto as impactantes desclassificações irão refletir no psicológico dos atletas.
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