Beira-Rio completa 250 dias sem obras e vira vitrine política e arma para oposição

Jeremias Wernek

Do UOL, em Porto Alegre

  • Divugalção/AI Inter

    Parceria com Andrade Gutierrez é criticada por antigos dirigentes; político aproveitam

    Parceria com Andrade Gutierrez é criticada por antigos dirigentes; político aproveitam

O estádio Beira-Rio alcança, nesta quarta, a incrível marca de 250 dias sem nenhuma máquina em funcionamento no seu interior. São oito meses de total inatividade, mesmo sendo um dos 12 estádios escolhidos pela Fifa para abrigar a Copa do Mundo de 2014. E o ócio nas obras virou cenário político. Dentro e fora do Internacional.

No clube, a oposição da atual direção ganhou um fato para mostrar a cara. O atraso na reformulação é o único ponto que permite discussão diante da administração que vem conseguindo títulos, está na terceira edição de Libertadores seguida e segurou jogadores importantes diante do assédio estrangeiro.

“Isso é um mico que transcende nossas vidas, fica para a história. Perder uma Copa é um mico sem tamanho. [...]O Inter está de joelhos e mendigando para AG, pedindo ‘pelo amor de Deus, assinem’”, disparou o ex-presidente do Inter Vitório Piffero, antigo aliado do atual mandatário Giovanni Luigi, e um dos contrários a parceria com a Andrade Gutierrez.

Piffero e Luigi entraram em rota de colisão desde o final de 2010. Na disputa eleitoral daquele ano, cada um ficou de um lado. Giovanni Luigi levou a melhor e todo estafe de administração do estádio, ligado a ala derrotada, foi dispensado nos meses seguintes.

“Acho que as pessoas que estão liderando este processo precisam ter um pouco mais de agilidade. Agilidade em resolver. A partir do momento em que você percebe que um parceiro tem dificuldades, tem que procurar outra saída”, cutucou o ex-vice de finanças do colorado, Pedro Affatato, vencido por Giovanni Luigi na eleição presidencial do Inter em 2010.

Nos governos municipal e estadual, vários parlamentares aproveitaram para dar opinião no processo. De deputados a vereadores. Raros os que de fato participam de reuniões com o Internacional ou possuem acesso ao Comitê Organizador Local da Copa-2014.

No bolo de declarações, o prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, radicalizou e definiu um prazo extra-oficial para que Inter e Andrade Gutierrez enfim selassem um acordo. Segundo ele, a questão precisa ser resolvida até o final de março. Munida da informação, a RBSTV depreendeu que Fortunati trabalha para indicar a Arena do Grêmio à Fifa.

Outrora ferramenta para acirrar ânimos, o Twitter dos políticos gaúchos ficou em silêncio nos últimos. E ao invés das conjecturas, de inclusive alguns pré-candidatos a prefeitura de Porto Alegre, surgiram manifestações oficiais dos governantes. Sensatos e defendendo um acordo entre as partes. O governador Tarso Genro foi o mais protocolar. Para ele, o impasse entre Andrade Gutierrez e Banrisul não é tão delicado como é pintado.

“Sinceramente, ainda não enxergo riscos [de Porto Alegre ser excluída da Copa do Mundo]. Acho que não vai passar da semana que vem. Vejo que há um interesse muito grande que a Copa não saia do Estado. Acho que isso tudo vai se resolver”, disse o governador à Rádio Gaúcha.

Desde que resolveu parar as obras, até então financiadas com recursos próprios, o Internacional vem sofrendo com a pressão da opinião pública. Mas desde dezembro, quando aprovou a minuta de contrato para firmar uma parceria de 20 anos, o cerco se voltou contra a Andrade Gutierrez.



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