Arquivo ![]() Observado por Dino Sani, Zagallo cumprimenta o goleiro inglês McDonald |
Responda rápido: com nomes como Pelé, Vavá, Mazzola, Garrincha, Pepe, Canhoteiro lutando por vaga no ataque do mesmo time, alguém teria alguma chance? Para Zagallo, sim. E, cinqüenta anos depois, o agora tetracampeão mundial acredita que sua função tática tenha sido primordial para ganhar a briga com seus rivais Pepe e Canhoteiro por uma vaga na ponta-esquerda na Copa de 1958. "Minha maneira de jogar chamou a atenção do Feola [Vicente, técnico da seleção em 58]. O Brasil mudou a maneira tática de jogar, passando do 4-2-4 pra 4-3-3. Essa maneira fez com que tornasse titular no lugar de Pepe", disse Zagallo. Pepe e Canhoteiro viviam grande fase no Santos e no São Paulo, respectivamente, mas foram preteridos pelo Velho Lobo, que ganhou a vaga no selecionado. Esta 'inovação tática', como mesmo define Zagallo, tornava a seleção mais marcadora, em uma época em que as equipes primavam pelo ataque. "Nós dificultávamos o adversário com a marcação. Quando eles tinham a bola, eu já estava no setor defensivo", disse Zagallo, que fez uma ressalva a seu favor. "Só pode jogar nessa função quem tem boa condição orgânica como eu tinha. Não é qualquer jogador que tem".
O Velho Lobo contou que começou sua carreira como meia, mas viu na ponta-esquerda uma chance melhor de ser convocado para a seleção brasileira. "Quando tinha 17 anos, era um camisa 10 que vinha de trás. Foi aí que pensei: essa camisa aqui é dos excepcionais. Para chegar na seleção vou ter que mudar posição. Acabei passando para a ponta-esquerda. Hoje posso dizer que foi um sonho realizado." Zagallo credita seu sucesso como jogador também a seu técnico do juvenil do Flamengo, Fleitas Solich, que mudou a sua maneira de jogar. "Meu estilo jogar era outro, eu era um cara driblador. Mas toda vez que eu pegava a bola e driblava, ele apitava falta contra o meu time. Uma vez cheguei a pensar que meu sonho de seleção já tinha ido embora, mas mudei meu estilo mesmo assim", afirmou. "Comecei a fazer a dupla função do Flamengo, e foi isso que chamou a atenção do Feola". O ponta-esquerda da seleção de 58 relembra com carinho daquela Copa. Segundo ele, "só vem coisa boa na cabeça" quando surge o assunto. "Foi o primeiro título conquistado de um time que saiu desacreditado do Brasil e mostrou dentro de campo que poderia vencer. Até hoje foi o único pais não-europeu que ganhou campeonato na Europa". Apesar de ter vencido a disputa por uma vaga na seleção de 1958 e 1962 com Pepe, Zagallo diz que não há nenhuma inimizade entre eles. "Nós somos amigos, sem problema nenhum. Apenas tive oportunidade de ser titular e soube agarrar. Como estava funcionando, não foi mexida a maneira de jogar", declarou. "O Pepe era um jogador fantástico. Mas a maneira que seleção desenvolveu melhor futebol foi comigo de titular. A qualidade dos jogadores apareceu mais". |
A seleção de 1958 foi a melhor?