A frustração de não escrever o nome na história da seleção brasileira masculina de vôlei é página virada para o levantador William Arjona. Em sua terceira temporada na Argentina, o jogador de 29 anos pode encontrar no rival sul-americano a possibilidade de realizar o sonho de disputar uma Olimpíada.
'Esquecido' no país vizinho, o brasileiro foi eleito o melhor jogador da Liga Argentina na última temporada, vencida pelo time que defende, o Drean Bolívar. Mesmo com o processo de renovação que passará a seleção brasileira, o levantador não tem mais esperanças de defender o Brasil em Jogos Olímpicos e já pensou em se naturalizar argentino para liderar a nova geração em Londres-2012.
"Cogitaram a possibilidade de me naturalizar e jogar pela seleção daqui [Argentina]. Acho que não é nada de imediato. É uma oportunidade que não tive no Brasil, de dar seqüência em uma seleção e disputar uma Olimpíada. Já pensei nisso, mas prefiro deixar acontecer. Não quero criar expectativa como criei de jogar pelo Brasil e acabou não acontecendo", afirmou Arjona ao
UOL Esporte.
O levantador chegou a ser convocado pelo técnico Bernardinho em 2004, mas com as presenças certas de Maurício e Ricardinho, ele ficou de fora da lista de convocados para os Jogos Olímpicos de Atenas. Na ocasião, a seleção brasileira conquistou o segundo ouro da história - já havia vencido em Barcelona-1992.
"Cheguei na seleção na época que tinha um grupo muito bom. Três ícones na minha posição. Fiquei contente de estar com os três melhores na época. Depois que o Maurício parou você sempre acha que vai ser o substituto imediato. A saída de um pode ser a oportunidade de outro. Mas o Ricardo e Marcelo continuaram, seria natural que eles jogassem", explicou o levantador, que diz não sentir mágoa.
"Sempre fica uma expectativa. Hoje não tenho mais e não penso nisso e no passado. O Bruninho está indo bem. Acho que outros bons levantadores poderiam ser convocados também, apesar da idade. Mas acho que o Bernardo pensa na renovação", completou.
A última aparição de Arjona no cenário nacional foi na Superliga 2005/2006. O jogador foi o segundo melhor levantador da competição com 35,60% de eficiência, atrás apenas de Bruninho (36,80%). Defendendo o Online, o paulistano cometeu o menor número de erros do fundamento (sete) em sua despedida do Brasil.
"O primeiro motivo que me fez mudar para a Argentina foi o convite do Weber [Javier, atual técnico da seleção argentina]. Ele estava saindo do Panathinaikos [Grécia] e montando um projeto bem interessante no país dele. Eu estava na minha 10ª liga no Brasil. Achava que estava complicado em nível de clube e de reconhecimento. Foi um desafio que quis encarar e valeu muito a pena", analisou.
Embora não se mostre arrependido por ter atravessado a fronteira, Arjona diz acreditar que a mudança de país pode ter interferido em seu futuro na seleção brasileira. "É uma dúvida que todo mundo tem. O Wallace [brasileiro, também do Bolívar] tinha que ser oposto da seleção. Ele é super profissional, tem 24 ou 25 anos e foi eleito duas vezes melhor do campeonato. Não é convocado por este motivo, das pessoas não acompanharem o vôlei daqui. Eu perdi as esperanças por causa da idade. Mas aqui tem um bom nível e bons jogadores. Eu viajei a Europa jogando e não vi nenhum clube que tenha a estrutura do Bolívar."
As passagens de William Arjona por equipes brasileiras incluem o Único Ouro Vida (1998/1999), Telemig Celular/Unicor (1999/2000), Vasco/Três Corações (2000/2001), Ecus Suzano (2001/2002), Interlbras/São José (2002/2003 e 2003/2004), Bento Gonçalves (2004/2005) e Online (2005/2006). Na Argentina, o levantador foi campeão com o Drean Bolívar nas duas últimas temporadas, sendo eleito o melhor jogador em 2007/2008.
"A gente tem um time com quatro jogadores da seleção argentina e três brasileiros. Temos um técnico [Javier Weber] que é o melhor disparado. A minha primeira temporada aqui, o time ganhou invicto. A última, nós perdemos um jogo. Não esperava ganhar um prêmio individual. Um jogador brasileiro ser eleito o melhor é meio estranho, não sabia se seria possível ou não", contou.