Deputados da Comissão de Turismo e Desporto (CTD) da Câmara dos Deputados pediram ao presidente do Comitê Organizador Local da Copa (COL-2014), Ricardo Teixeira, que combata o tráfico de influência na escolha de fornecedores para as obras ligadas ao evento internacional. Durante uma visita técnica à sede do COL-2014, nesta quinta-feira, no Rio, nove parlamentares da CTD ouviram, durante quase três horas, explicações sobre as denúncias de que a Fifa estaria fazendo lobby para que as 12 cidades-sede contratassem empresas parceiras.
“Eu cheguei a classificar isso como tráfico de influência e de fato é”, disse Jonas Donizette (PSB-SP), presidente da CTD. “A licitação pública não pode sofrer nenhum tipo de direcionamento. O presidente Ricardo Teixeira concordou comigo. Ele me prometeu que isso não vai mais acontecer e que não haverá nenhum problema se essas empresas não forem contratadas.”
Recentemente, a Folha de S.Paulo denunciou o lobby da Fifa pela contratação de três empresas: uma de energia solar, uma seguradora e uma fabricante de brindes, a ADN. Caso as cidades-sede não contratassem a ADN, teriam que pagar 17% de licenciamento, segundo um e-mail assinado por Jay Neuhaus, diretor de Marketing da Fifa no Brasil.
O deputado Jonas Donizette (PSB-SP) disse que Ricardo Teixeira lhe garantiu – e foi respaldado por representantes da Fifa presentes na visita – que não existe a possibilidade de as cidades-sede terem que pagar os 17% se optarem por outros fornecedores.
“O presidente me explicou que a pessoa que trocou e-mails com a Fifa é terceirizada e não tinha respaldo do COL-2014 para tratar desses assuntos”, contou Donizette, que também cobrou mais transparência da COL-2014 e da Fifa.
“Deixei como sugestão que fosse criado um portal de transparência para que todas essas informações que os deputados solicitaram sejam postas à disposição da população”, disse Donizette. “Antes da visita, tentei achá-las em algum site e não consegui.”
Além da questão do tráfico de influência, a CTD pediu explicações sobre o andamento das obras e o encarecimento do orçamento de alguns estádios. Representantes da Fifa defenderam que muito do que se creditou a exigências da entidade eram apenas recomendações.
“A cadeira retrátil e a cobertura do Maracanã, por exemplo, são recomendações, e não exigências”, explicou o deputado Otávio Leite (PSDB-RJ), que criticou a megalomania do projeto do novo Maracanã. “Estamos vivenciando uma circunstância de um orçamento que saiu de R$ 400 mil, foi para 700 mil e chegou a R$ 1 bilhão invocando-se uma exigência da Fifa que não existiu”, completou.
O presidente da CTB defendeu que o Regime Diferenciado de Contratações (RDC), aprovado quarta-feira no Senado, não aumenta o risco de superfaturamento das obras. “Os órgãos de controle terão informação sobre os preços e sobre o acompanhamento das obras”, disse Jonas Donizette, referindo-se ao Tribunal de Contas da União, ao Ministério Público e às comissões do Congresso Nacional. “É um modelo que aprovamos para que as coisas possam caminhar mais rápido. Vamos fiscalizar cada centavo público que for usado nessa Copa”, garantiu.