O desfecho da Superliga de vôlei foi exatamente o mesmo da temporada anterior, com os títulos de Rexona-Ades e Cimed/Brasil Telecom. Mas o roteiro deste ano foi escrito de forma distinta e agradou aos principais personagens. Após quase seis meses de disputa, o torneio foi considerado o melhor dos 15 anos de história e terminou com o discurso de 'fico' das estrelas.
A FIVB (Federação Internacional de Voleibol) voltou atrás na decisão de restringir em dois o número de estrangeiros em quadra pelos clubes. Mesmo sem a limitação, brasileiros dizem que não acreditam em nova debandada para o mercado europeu.
"O pessoal que voltou está feliz de estar no Brasil. Acho se financeiramente compensar algumas pessoas podem sair, mas acho que não serão muitas. Até porque tem a história da crise e tem empresas que não querem investir", afirmou a líbero Fabi, campeã com o Rexona-Ades.
"Tomara que não tenha uma saída em massa. Pode acontecer, é claro, mas não tem como prever", opina Paula Pequeno, do vice-campeão Finasa/Osasco. |
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DECISÃO DA FIVB NÃO ASSUSTA BRASILEIROS |
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"Com certeza foi a melhor de todas, tecnicamente falando. Os jogos foram mais disputados. Além dos repatriados, tem essa galera que está chegando, como o Maurício [do Vivo/Minas] e Wallace [do Vôlei Futuro]. Para nós deu um brilho ainda maior ter vencido", disse Bruninho, campeão com a Cimed após a
vitória por 3 a 0 sobre o Minas, no Maracanãzinho, no Rio de Janeiro.
O levantador, que esteve em quadra nas quatro últimas finais da competição, vencendo três delas, destacou as semifinais entre o rival Minas e o Sada Cruzeiro como as melhores partidas da temporada 2008/2009. "Esta decisão também foi muito boa, com ralis impressionantes e as defesas trabalhando bem. E final é sempre especial", completou Bruninho, que está próximo de acertar sua permanência na Cimed pela quinta temporada seguida.
O fato de ficar com o troféu na edição mais equilibrada também foi comemorado pela meio-de-rede Fabiana, do
hexacampeão Rexona - que pela quarta vez consecutiva levou o ouro ao superar o rival Finasa/Osasco. "É muito legal mesmo. E agora com esse crescimento da Superliga está todo mundo querendo voltar e jogar aqui", destacou. Ouro nos Jogos Olímpicos de Pequim-2008 com a seleção brasileira, a central quase viu sua equipe cair nas semifinais diante do Brasil Telecom, que venceu a primeira partida da série melhor-de-três e vencia o segundo jogo por 2 sets a 0, mas sofreu a virada no confronto e no playoff.
O maior equilíbrio na competição foi atribuído às repatriações, principalmente de atletas de seleção brasileira. Em ano com recorde de retornos, a Superliga feminina teve nove campeãs olímpicas em ação - Fabiana e Fabi (Rexona); Carol Albuquerque, Paula Pequeno, Sassá e Thaísa (Finasa); Fofão, Mari e Sheilla (São Caetano/Blausiegel). O torneio masculino contou com sete medalhistas olímpicos de prata: Bruninho (Cimed), André Nascimento e André Heller (Minas), Anderson e Marcelinho (Tigre/Unisul/Joinville), Escadinha (Santander/São Bernardo), além do
oposto Samuel, que não chegou a defender a Ulbra/Suzano/Massageol por causa de lesão no ombro.
"Foi sem dúvida a melhor Superliga de todos os tempos. O retorno desses atletas de ponta foi fundamental. O nosso campeonato é mais forte do que o da Itália. Foi um sucesso em nível técnico, público e mídia", falou o presidente da CBV (Confederação Brasileira de Voleibol), Ary Graça.
ContinuidadeNa contramão das repatriações,
Paula Pequeno chegou a admitir o desejo de atuar fora do Brasil, mas voltou atrás após a derrota no sábado. "Na verdade, agora não estou conseguindo pensar em nada disso. Mas quero muito continuar aqui", falou. Eleita a melhor jogadora dos Jogos de Pequim, Paula terá antes que passar por artroscopia para solucionar as dores no joelho esquerdo.
Repatriado pelo Minas nesta temporada, André Nascimento confirmou que seu contrato com a equipe era de apenas um ano e que está livre para negociar. No entanto, o oposto afirmou que deseja permanecer no time vice-campeão. O mesmo caminho deve ser seguido por seu companheiro de clube André Heller.
Recém-aposentada da seleção brasileira, a levantadora Fofão descartou o fim da carreira. "Não será dessa vez que vou parar. Quero ser campeã da Superliga dentro deste Maracanãzinho. Comprovei que é uma sensação fantástica. Quero jogar pelo menos por mais um ano", disse a jogadora de 38 anos, destaque em sua posição.
Mas o elenco do terceiro colocado São Caetano pode sofrer uma baixa importante. A oposta Sheilla já recebeu propostas de Turquia, Itália, Japão e mesmo de clubes brasileiros. "Com a Superliga em andamento, não quis ficar pensando nisso e deixei tudo na mão do meu procurador, mas agora vou analisar tudo com calma", explicou a campeã olímpica, que levou o troféu de melhor atacante.