Quando entrarem no ringue, o filipino Manny Pacquiao e Ricky Hatton estarão colocando em jogo não cinturões, mas a almejada posição de melhor lutador em todas as categorias de peso. Atualmente, é Pacquiao quem tem este "título", reconhecido por ser carrasco de estrelas como Oscar de la Hoya, Erik Morales e Marco Antonio Barrera. Mas Hatton terá como principal trunfo o pai de seu único algoz para tentar pará-lo.
Ambos subirão ao ringue neste sábado, no palco mais tradicional da modalidade, o Hotel MGM Grand, em Las Vegas (EUA) - o Premiere Combate anuncia a transmissão, a partir das 23h, em pay-per-view. Com as 16 mil entradas esgotadas para o chamado Duelo do Leste (Pacquiao) contra o Oeste (Hatton), são aguardados milhares de britânicos para assistirem ao 'Hitman', que costuma mandar seus combates em sua cidade, Manchester.
Chegando como desafiante, o ex-campeão Hatton tem a vantagem do peso e de estar em grande fase, apesar de ter sido derrotado pela primeira vez na carreira em 2007. Pacquiao começou como profissional pesando 48 kg e faz apenas sua segunda luta acima dos 61 kg. No entanto, em seu último combate, em dezembro, bateu o lendário Oscar de la Hoya pesando 64 kg, apesar de o norte-americano já estar fora de sua melhor forma.
O inglês, por sua vez, reina atualmente entre os meio-médios ligeiros, categoria em que se enquadrará o combate (até 63,5 kg) e em que estreou como profissional, há quase 12 anos. No cartel, são 45 vitórias e apenas uma derrota, contra 48 triunfos, três derrotas e dois empates do rival.
A chance do inglês é também a de provar que pode triunfar após seu único tropeço - atualmente, ele é campeão apenas por uma entidade que não está entre as quatro maiores do boxe, a Organização Internacional de Boxe. Em dezembro de 2007, lutando um peso acima, perdeu para o então melhor pugilista entre todas as categorias, o norte-americano Floyd Mayweather Jr., o antecessor de Pacquiao. Na ocasião, caiu no décimo assalto, mas não desanimou. Ao invés disso, chamou justamente o pai do algoz, o técnico Floyd Mayweather Sr. para lhe treinar. No primeiro teste da parceria, em novembro, atropelou o perigoso Paul Malignaggi, ex-campeão mundial, no 11º round.
As influências de Mayweather Sr. podem fazer a diferença em um combate em que a técnica será fundamental. Pacquiao tem a agilidade e a precisão a seu lado, mas Hatton também é considerado um pugilista veloz e sua pegada, aliada à juventude que já não era o forte de De la Hoya, podem fazer a diferença.
"Muita gente vê esta luta como sendo do tamanho contra a velocidade", disse Hatton, mais pesado, mas apenas dois centímetros mais alto, com 1,71 m. "Mas muitos também acharam que Malignaggi ia me vencer na velocidade. Não foi o que aconteceu e eu estava com apenas sete semanas ao lado desta equipe de treinamento."
IRMÃO CAÇULA E CUBANO NO RINGUE |
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 Irmão de Ricky, Matthew Hatton ainda não conseguiu despontar como o ex-campeão |
 Erislandy Lara, invicto, é só sorrisos desde que deixou Cuba e se se profissionalizou |
Nos duelos preliminares para o combate principal, duas lutas devem atrair atenção dos espectadores. Uma delas é a do irmão de Ricky Hatton: Matthew. O caçula de 27 anos tem um cartel com 36 vitórias, mas já teve quatro derrotas, ficando longe do que seu irmão mais velho já conquistou. Ele enfrenta Ernesto Zepeda, do México.
Outro combate aguardado terá o cubano Erislandy Lara, um dos desertores da ilha que tem se dado bem nos Estados Unidos. Invicto em quatro combates como profissional, ele ainda tem um longo caminho para chegar a um cinturão, mas já tem demonstrado força. |
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Sobre o trabalho, ele é só elogios ao pai de seu único algoz, que substituiu Billy Graham no córner. "Se você não trabalha com novas coisas na academia, não tem como melhorar no ringue. E isso estava transparecendo nos meus combates", explicou o pugilista, em entrevista ao
New York Post.
Já o filipino vem em sua melhor fase na carreira. Seja nas bolsas milionárias, nos resultados ou no reconhecimento. Campeão em quatro categorias, já são nove vitórias consecutivas, sendo a última derrota contra Erik Morales, lutador a quem bateu em seguida, na revanche.
"Minha velocidade e minha movimentação de pernas serão as chaves para bater Hatton", disse ele, que elogiou o adversário. "Hatton é um bom lutador e estou preparado para viver uma guerra. Será a luta mais dura da minha carreira, já que ele nunca perdeu com este peso."
Nos córners, as desavençasBoxe e confusão são palavras que por vezes andam lado a lado. No entanto, não é o que se viu entre os adversários desta vez. Tanto Pacquiao quanto Hatton apresentaram discursos amenos, com elogios, mas sem perder a confiança. Assim, as desavenças foram deslocadas do centro do quadrilátero para os córners.
Os técnicos de ambos os lutadores é que passaram a entrar na troca de acusações e provocações, tentando esquentar o clima para o combate. Até disputa para saber quem foi o melhor em cima do ringue, no passado, surgiu na discussão verbal entre Freddie Roach, técnico de Pacquiao, e Floyd Mayweather Sr., do britânico.
"Enquanto Mayweather está com Hatton, não tenho preocupações. É nossa maior vantagem", disparou Roach, que já trabalhou com Mike Tyson e De la Hoya. "Ele nunca formou nenhum lutador", retrucou o treinador adversário. Co-protagonistas do milionário combate, ambos até tiraram fotos lado a lado, com pose de lutadores.