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Boa parte da grama que foi comprada em dezembro de 2009 se estragou nas obras

Boa parte da grama que foi comprada em dezembro de 2009 se estragou nas obras

27/07/2011 - 07h01

Gramado de R$ 500 mil do Castelão some e vira jardim em prédio público do Ceará

Vinícius Segalla
Em São Paulo

No dia 11 de dezembro de 2009, o governo do Ceará anunciou solenemente que o gramado do Castelão, estádio público de Fortaleza que está sendo reconstruído para receber jogos da Copa do Mundo de 2014, seria substituído por um "tapete" da mais alta qualidade. O custo de R$ 500 mil para a compra e o plantio da grama tipo "tifton" seria plenamente justificável, afirmavam, à época, as autoridades públicas. Afinal, tratava-se de um tipo de gramado com alta maciez e que requer manutenção apenas a cada 10 anos.

Um ano e sete meses depois, porém, quase metade do gramado e do investimento público está se deteriorando sob os tratores e detritos das obras do Castelão, que está sendo desmontado para dar lugar a uma nova arena. O restante teve seu paradeiro desconhecido até o fim da semana passada, quando a secretaria de Esportes do Ceará (Sesporte) informou que foi doado para a Procuradoria do Estado, que vai usá-lo como jardim em prédios públicos.

MAIOR E MAIS MODERNO

  • Secopa-CE

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A Polícia Militar cearense também ficou com uma parte, e deve plantá-lo no campo de recreação de seus soldados. Para a nova arena que está sendo erguida no local, ao custo de R$ 518 milhões (dinheiro público e privado), um novo gramado será comprado.

O sumiço do relvado foi primeiramente percebido pelo repórter Emmanuel Macêdo, do jornal O Povo, de Fortaleza. No dia 20 de julho, o periódico questionou a secretaria de Esportes e a secretaria Especial da Copa do Ceará sobre o paradeiro da parte do gramado que não se via em meio as obras do Castelão. Ninguém soube dizer onde o patrimônio fora parar.

Dois dias depois, veio uma explicação: a secretaria de Esporte tentou doar o gramado para municípios cearenses que têm estádios e clubes filiados à Federação Cearense de Futebol, mas não houve interessados. "O município de Sobral chegou a se interessar, mas quando soube que a operação logística para levar a grama de Fortaleza até a cidade, distantes 240 quilômetros, custaria cerca de R$ 80 mil, desistiu", conta Gony Arruda, secretário de Esportes do Ceará.

A partir daí, a pasta de Arruda afirma que a grama, por estar dentro do canteiro de obras do Castelão, passou a ser responsabilidade da Secopa. Esta, por sua vez, afirma que todo o patrimônio do antigo Castelão está sob a tutela da Sesporte, prova disso seria que esta secretaria é quem está se encarregando de doar todo o material que pode ser reaproveitado do estádio aos municípios interioranos, de mictórios a placar eletrônico, arquibancadas e refletores.

Diante do impasse, afirmam as duas secretarias, teria tomado a iniciativa de tirar aquela grama dali antes que tudo se perdesse o DAE, ou Departamento de Arquitetura e Engenharia, outro órgão estadual. Seria esta entidade quem conseguira encontrar quem se interessasse pelo gramado de alta qualidade, a Procuradoria Geral do Estado e a Academia da Polícia Militar.

PARA ONDE VÃO OS BENS DO CASTELÃO

Equipamentos Municípios
Placares eletrônicos Sobral e Juazeiro
Mictórios Sobral
Refletores Sobral, Barbalha, Juazeiro e Itapajé
Banheiras de hidromassagem Sobral e Juazeiro
Central de ar-condicionado Academia de Polícia de Fortaleza
  • Fonte: Sesporte-CE

Apesar da afirmação das pastas estaduais, nenhum documento atestando a doação do gramado para as duas entidades públicas foi exibido até agora pelas secretarias ou pelo DAE. Procurada pelo UOL Esporte, a equipe do departamento afirmou que não poderia responder a qualquer pergunta sobre o assunto porque o tema é exclusivamente tratado pelo seu diretor-presidente, Quintino Vieira, que está viajando.

Interessado em entender melhor como funcionam e quem decide as doações dos bens do Castelão, o Tribunal de Contas do Estado do Ceará (TCE-CE) instaurou uma auditoria para checar todos procedimentos e documentação envolvendo a transferência de propriedade dos equipamentos do estádio para outros entes públicos. "Fomos informados que a parte do gramado que não estragou foi doada para a Procuradoria do Estado e para a Academia de Polícia, mas ainda não pudemos checar", conta Giovana Adjafre, secretária de controle externo do TCE-CE. Segundo ela, a contar a partir desta quarta-feira, uma equipe do tribunal terá dez dias para efeturar a auditoria nas doações e transmitir as informações apuradas a um conselheiro relator, que teria, a partir daí, mais dez dias para elaborar seu relatório conclusivo.     

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