Repórter de 2ª na 3ª: De volta para casa

Voltei. Depois de mais de vinte dias e sete mil quilômetros, voltei.

Aprendi um bom tanto sobre futebol e outro tanto sobre Brasil. Vi times, estádios, jogadores e torcedores que eu jamais conheceria. E cheguei à conclusão que a Série C é a cara do futebol brasileiro.

É claro que também somos também o país de clubes campeões mundiais e de jogadores como Ronaldo e Ronaldinho. Mas estes são exceções. Aqui há mais joões, carlos, redernilsos, leonardos, paulos, cleissons e josés do que ronaldos.

O Brasil tem mais a cara da periferia do que dos condomínios fechados, tem mais cara de tapioca que de tiramisu, mais cara de churrasco de bode do que de filé a chateaubriand.

Mas que fique claro que isso não é um elogio à pobreza. É só para lembrar que as séries C, as tapiocas e a carne de bode têm um sabor especial. Assim como tem sabor especial a poesia de J. Borges, nosso mais famoso cordelista, que fez estes versos sobre a Série C especialmente para o UOL Esporte:

Vou falar da Série C
do Campeonato Brasileiro.
Formam 63 times,
mas só quatro irão primeiro
Parar na Série B
como time verdadeiro.

Na Série D, de desastre,
outros irão ficar
tem muitos times famosos
que aqui eu vou falar:
Santa Cruz, ASA e Holanda,
lutando para não quebrar.

Os estádios são muito simples
e cada vez se estragam mais,
há times de todos os estados
com cidades desiguais,
time de todo tamanho
novos e tradicionais.

Tem o Duque de Caxias,
tem o D.Pedro Primeiro,
e geralmente os jogadores
ganham bem pouco dinheiro,
assim como quase todos
trabalhadores brasileiros.