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Brasileirão-2015 mostra que trocar técnico dá certo. São Paulo é exceção

Paulo Matuck

Do UOL, em São Paulo

10/08/2015 12h21

Com 14 trocas de técnicos efetivadas em 17 rodadas, o Brasileirão 2015 mostra que a fórmula de mandar treinadores embora depois de uma sequência de resultados ruins e colocar uma nova direção traz melhorias. Pelo menos em curto prazo. Embora sejam números parciais, pois o trabalho dos novos comandantes está em andamento, até agora 11 dos clubes que fizeram essa opção, ou 84,6%, conseguiram aproveitamento maior após adotar esse procedimento. As exceções são São Paulo e Goiás. Nesse balanço não está incluído o Internacional, que demitiu Diego Aguirre na semana passada e ainda não anunciou seu substituto.

O São Paulo, com Milton Cruz, obteve, nas primeiras rodadas da competição, um aproveitamento de 66,7% de pontos conquistados. Com a chegada de Juan Carlos Osorio esse número caiu para 50%. O Goiás iniciou o torneio com Hélio dos Anjos e ganhou 37,5% dos pontos com o treinador.  Depois de demiti-lo, colocou o interino Augusto César no posto até contratar Julinho Camargo, que fez o índice de pontos obtidos cair para 13,3%.

O percentual provisório de sucesso das mudanças de comando no Brasileirão 2015 está bem acima do índice de melhoria de aproveitamento dos novos comandantes na competição desde a implantação do sistema de pontos corridos. Nesse período, de acordo com levantamento comparando o desempenho dos treinadores contratados com os que saíram, houve melhoria em 62,6% dos casos. Em 36,1% das vezes quem entrou, ao final da temporada, entregou resultados piores que os do antecessor e em 1,3% das oportunidades o aproveitamento foi exatamente o mesmo.

Foram consideradas 310 trocas de técnico entre 2003 e 2014, sem levar em consideração o motivo da saída do treinador. Para o levantamento, foram feitas comparações apenas entre profissionais que, quando contratados, tiveram pelo menos cinco partidas para mostrar serviço.

Todavia, nem sempre a melhoria é suficiente para o time alcançar os resultados desejados. O Joinville, que habita a zona de rebaixamento desde a primeira rodada do Brasileirão 2015, já teve três treinadores em 17 jornadas. E toda vez que trocou melhorou.

Com Hemerson Maria (cinco jogos), o primeiro a ocupar o cargo, somou 6,7% dos pontos. Com Adilson Batista (dez partidas), o aproveitamento subiu para 26,7%. Agora, com Paulo César Gusmão, após duas partidas, esse índice é de 66,7%, mas ainda é insuficiente para afastar a equipe do grupo dos quatro times que seriam rebaixados para a Série B.

O mesmo acontece com Celso Roth, no Vasco. Com Doriva (oito jogos), o time tinha conseguido 12,5% dos pontos disputados. Com o novo treinador (nove partidas), o índice subiu para 37%. Mesmo assim o time carioca está na zona de rebaixamento há 14 rodadas.

Outras mudanças foram mais significativas. Mesmo tendo sofrido duas derrotas consecutivas, Marcelo Oliveira, agora com dez jogos no clube, conseguiu fazer o aproveitamento do Palmeiras saltar de 33,3%, quando o técnico era Oswaldo de Oliveira (seis partidas), para 63,3% saindo das posições intermediárias pela luta direta por um lugar no G4. Atualmente é o sétimo colocado.

O Grêmio foi ainda melhor. Com Roger Machado (14 partidas), o time viu seu aproveitamento subir de 16,7% dos tempos de Luiz Felipe Scolari (dois jogos) para 61,9% e, com a vitória de domingo sobre o rival Internacional, saltou para terceiro lugar na classificação. É a melhor colocada entre as equipes que trocaram de técnico na temporada atual.

O Santos também teve grande evolução depois da demissão de Marcelo Fernandes (12 jogos), que conseguiu ganhar apenas 27,8% em sua gestão. Com Dorival Júnior (cinco partidas), esse número saltou para 66,7%. Foi o suficiente para o time deixar a zona de rebaixamento e abrir cinco pontos de distância para o Goiás, 17º colocado.