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A alemã Allianz Arena e o projeto da Arena Amazônia; semelhança não é coincidência

A alemã Allianz Arena e o projeto da Arena Amazônia; semelhança não é coincidência

30/09/2011 - 06h00

Copa-2014 pode promover fim da era do alambrado e da geral nos estádios do Brasil

Vinícius Segalla
Em São Paulo

Sete dos 12 estádios que estão sendo erguidos ou reformados para serem palco da Copa do Mundo de 2014 levam em seus nomes uma palavra para defini-los: arena. Trata-se do conceito europeu moderno de estádio, que é aplicado em todas as sedes. E, neste novo conceito, que a Fifa transformou em regra na Copa, não há espaço para alambrados nem para a geral, arquibancada rente ao gramado onde se assiste aos jogos em pé.

O padrão de conforto nos estádios no Brasil pós-Copa deverá mudar, para melhor. Obras como Arena Amazônia, Arena Fonte Nova (BA) e Estádio das Dunas (RN) serão muito mais parecidas com a alemã Allianz Arena do que com o Pacaembu ou a Ilha do Retiro (PE). 

A mudança vem acompanhada de uma série de modernidades. Os estádios se transformam em arenas multiuso, preparadas para receber espetáculos e shows, munidas de restaurantes, lojas e enormes camarotes VIPs.

PADRÃO EUROPEU

  • Interior da futura Arena Pernambuco; cadeiras retráteis e ausência de fosso ou alambrado

Parte das novas arenas adota como medida protetiva contra a invasão do gramado o conhecido fosso de concreto, presente em praças esportivas brasileiras, como o Mineirão, que manterá um fosso de três metros, ou o Maracanã. Mas há também novidades absolutas e até a inexistência total de obstáculos físicos entre a plateia e o campo.

É este o caso da Arena Pernambuco, sendo erguida dentro de um novo bairro que está sendo construído na Região Metropolitana de Recife. Com capacidade para 46 mil torcedores, a praça terá todos os lugares cobertos, divididos em cinco tipos de arquibancada, além de camarotes e tribuna, e nenhum alambrado ou fosso.

O autor do projeto, o arquiteto paulistano Daniel Fernandes, afirma que o estádio foi desenhado para que não houvesse nenhum ponto-cego nas arquibancadas nem qualquer impedimento parcial para a visibilidade dos jogos.

Já o Itaquerão, ou Arena Corinthians, como é seu nome oficial provisório até que sejam comercializados os naming rights, terá um tipo de obstáculo que é comum em estádios europeus mas desconhecido por aqui, os chamados cat's cradle, ou "berço de gato".

Trata-se de uma espécie de novelo metálico, um tapete de arames entremeados que, ao impacto de uma pessoa pisando nos "fios", se quebra nos pontos de maior pressão, deixando a pessoa presa, sem causar-lhe qualquer dano físico. A partir daí, apenas uma pessoa com a ferramenta adequada poderá romper os arames e livrar o invasor. A distância entre a plateia e o campo será de sete metros, se respeitado até o fim o projeto dos arquitetos Aníbal Coutinho e Paulo Cordeiro.

Adeus à coreia

Bastante conhecida no sul do país, mas quase anônima nas demais regiões, o setor da "coreia" é uma das marcas registradas do estádio do Beira-Rio, do Internacional-RS. A área, localizada no fim do anel inferior, pode ser definida como uma "geral piorada".

FIM DE UMA ERA

  • No novo Beira-Rio, o setor da coreia deixa de existir e toda a arquibancada ganha uma cobertura metálica envolta por uma membrana sintética

É um fosso largo com degraus baixos cujo piso encontra-se em nível inferior ao do gramado. Os torcedores se acotovelam entre um muro e um alambrado, que os separa de um fosso, por sua vez imediatamente anterior ao campo. Ainda assim, é o lugar preferido do estádio para muitos colorados, principalmente por ser o setor mais barato.

A reforma por que está passando o estádio vai eliminar a coreia. Todo o anel inferior será reconstruído, recebendo camarotes e áreas VIP. Além disso, todos os lugares terão cadeiras e serão marcados, além de cobertos. O projeto da cobertura, aliás, é moderno e de difícil execução. Será uma estrutura metálica coberta por uma membrana de PTFE (Politetrafluoretileno). Ela sairá do chão da área externa da arena para encobrir toda a estrutura de concreto e metal existente.

Acabar com o alambrado e com a geral significa que apenas acomodações confortáveis, de onde se possa assistir ao jogo sentado, serão oferecidas. Mesmo assim, para muitos torcedores brasileiros, acabar com a geral e com a sensação de torcer agarrado ao alambrado é um choque cultural duro demais.

Uma associação chamada Frente Nacional dos Torcedores, que já chegou a levar ao Ministério Público Federal um pedido de ação judicial para interromper as reformas no Maracanã, afirma ser "contra a modernização do futebol que, da forma atual, ignora o espírito torcedor". Monique Torquetti, diretora da frente, declara: "Achamos que toda arena deve ter um setor de geral, com preços populares".    

Não é o que vai acontecer em 2014. As inovações e o conforto virão acompanhados de altos preços. Pelo projeto de Lei Geral da Copa, em tramitação na Câmara dos Deputados, a Fifa será livre para praticar os preços que bem entender em todos os jogos e eventos relacionados ao Mundial. Segundo estudo do site Congresso em Foco, as entradas para a Copa deverão variar entre R$ 150 a R$ 1.500. Tecnologia, conforto e modernidade, mas não para todos.

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