UOL esporte

  • http://esporte.uol.com.br/olimpiadas/ultimas-noticias/2011/10/06/com-poquer-brasil-cria-entidade-de-esportes-intelectuais-e-quer-olimpiada-em-2016.htm
  • Com pôquer, Brasil cria entidade de esportes intelectuais e quer Olimpíada em 2016
  • 29/03/2024
  • UOL Esporte - Olimpiadas
  • UOL Esporte
  • @UOLEsporte @UOL
  • 2
Tamanho da letra
Xadrez e pôquer podem participar de Olimpíada intelectual em 2016

Xadrez e pôquer podem participar de Olimpíada intelectual em 2016

06/10/2011 - 10h18

Com pôquer, Brasil cria entidade de esportes intelectuais e quer Olimpíada em 2016

Bruno Freitas
Em São Paulo

Contra o senso comum de que qualquer esporte implica ação física para ser tratado como tal, uma corrente de modalidades voltadas ao esforço mental luta para ser abraçada pela família olímpica. Com xadrez e pôquer como carros chefes, o Brasil acaba de criar a Associação Brasileira de Esportes Intelectuais, alinhada com movimento internacional do gênero, e espera receber os Jogos Mundiais deste segmento simultaneamente à Olímpiada de 2016 no Rio de Janeiro.

A Abrespi é filiada a IMSA, sigla em inglês para Associação Internacional de Esportes Intelectuais, com sede em Lausanne, na Suíça.

Internacionalmente, esta união dos intelectuais já existe desde 2005, com o nascimento da entidade que reúne praticantes de xadrez, dama, bridge e go (veja a tabela abaixo), modalidades que reúnem 400 federações nacionais e mais de um bilhão de jogadores. O movimento tenta caminhar alinhado com o COI para, gradualmente, figurar no rol de esportes com a chancela olímpica.

ESPORTES INTELECTUAIS

"Duplicate poker" é uma variação do jogo de cartas, baseado em princípios do bridge. Ainda envolve regras da versão Texas hold'em
O "Bridge" é um jogo de cartas disputado por dois pares de jogadores; dividido em duas partes, o leilão e o carteio
O "Go" é um jogo estratégico de soma zero e de informação perfeita para um tabuleiro, em que se usa pedras de cores opostas

"Queremos nos afastar desta imagem de 'patinho feio' que está atrelada a nós", diz Darcy Lima, Grande Mestre Internacional de xadrez e presidente da nova entidade.

"Estávamos num limbo antes desse movimento internacional. Existe uma imagem muito comum, que liga o esporte à ação, ao movimento. Na verdade são vários os fatores que constituem um esporte: regras claras, um campeonato mundial, países filiados. Mas no imaginário popular o esporte está ligado à atividade física. A gente sofre com preconceito. Mas ultimamente estes esportes vêm sendo usados como ferramenta pedagógica, de inclusão social. São baratos e formadores de caráter. E assim o preconceito vem diminuindo", acrescenta o dirigente.  

Os primeiros Jogos Mundiais de esportes intelectuais aconteceram em 2008 em Pequim, paralelamente à Olimpíada do mesmo ano, com participação de equipes de 140 países e reunindo um total de 2.736 atletas durante duas semanas. A segunda edição acontecerá em Londres no ano que vem e, em 2016, a expectativa é que o evento desembarque no Brasil.

Assim, a criação da entidade no Brasil atende uma demanda internacional do movimento, que espera aproveitar a onda de eventos de grande porte no país para se fazer presente com seus Jogos Intelectuais na mesma época do Rio-2016.

"Existe uma grande possibilidade, mais de 90% de em 2016 [os Jogos] serem no Rio de Janeiro. Estamos alinhados com o movimento olímpico. Não podemos usar o nome Olimpíadas, mas esperamos em breve estar nesse grupo de três grandes eventos, os Jogos de Verão, os Jogos de Inverno e os Jogos Intelectuais", afirma Darcy Lima.

A popularidade mundial do pôquer é uma cartada do movimento para batalhar por atenção, mesmo com o esporte apresentando atualmente apenas status de membro observador da entidade internacional.

"Existe uma grande quantidade de dinheiro envolvida neste universo. Nos Estados Unidos, o pôquer tem a terceira maior inserção de mídia do esporte na TV, na frente do hóquei no gelo", argumenta o dirigente.

Além da ideia padrão a respeito das modalidades intelectuais, de quem associa esportes apenas à atividade física, o movimento ainda abraça a causa específica do pôquer, que lida com um outro tipo de preconceito.

Agora vinculada a práticas como xadrez, a modalidade luta para se distanciar da imagem de jogo de azar e das apostas em dinheiro nos cassinos do mundo. Na entidade dos intelectuais, o esporte é disputado em sua versão 'duplicate', que, na teoria, minimiza o efeito da sorte em resultados, argumentam seus defensores.

"É um esporte que sofre um preconceito a mais, porque vem de um tipo de jogo anterior, o jogo de azar. Mas está provado que o azar conta muito pouco. Cerca de dois terços das mãos jogadas são resolvidas sem mostrar as cartas, na base da estratégia. É um esporte recente, ainda associado ao jogo do cassino, por dinheiro. Mas existe azar como existe no futebol. Como naquela vez em que o cara cobrou o pênalti e a bola bateu nas costas do goleiro Carlos antes de entrar. Também é azar", comenta Darcy Lima, em menção a um célebre lance da seleção brasileira na Copa de 1986.

No Brasil, além das metas esportivas, a entidade que reúne as modalidades intelectuais também atuará em outra frente. A Abrespi deseja prosperar entre os jovens convencendo as esferas públicas do poder dos jogos em questão empregado como ferramenta educacional e de inclusão social.

Em seus primeiros passos a Abrespi trabalha com o auxílio da Brunoro Sport Business, conhecida empresa nacional de gestão e marketing ligada ao segmento esportivo.

Placar UOL no iPhone